Diretor de ‘Leaving Neverland’ detona cinebiografia em andamento sobre Michael Jackson, entenda

No último domingo, 5, o diretor do documentário ‘Leaving Neverland’ (HBO), lançado há quatro anos, que detalhou dois supostos casos de abusos sexuais infantis relacionados a Michael Jackson, assinou um artigo no jornal ‘The Guardian’, onde comenta sobre o anúncio da cinebiografia em andamento sobre o Rei do Pop. 

Na publicação, Reed defende a importância de seu documentário para ajudar a prevenir casos de abuso sexual infantil, alegando que o fato de “um dos homens mais famosos do mundo” ser o “molestador”, neste caso, faria com que as pessoas prestassem atenção no assunto. 

O diretor justifica que trouxe o assunto à tona, novamente, pois um filme sobre Michael está em produção sob os nomes dos mesmos produtores dos vencedores do Oscar, ‘Os Infiltrados’ (2006) e ‘Bohemian Rhapsody’ (2018), que abordou a história de Freddie Mercury e do Queen

“Se você soubesse que seu ídolo foi um um abusador de crianças, isso não deveria tornar a celebração de sua persona um pouco mais problemática, para dizer o mínimo?”, provoca Reed no artigo. 

Ele questiona, por exemplo, o fato de todos terem esquecido das acusações feitas no documentário, embora, na época, ‘Leaving Neverland’ tenha caído como uma bomba sobre a reputação de Jackson, mesmo anos depois de seu falecimento: “Ninguém está falando sobre cancelar este filme, que irá glorificar um homem que abusou de crianças”, escreveu. 

“O gentil levantar de sobrancelhas do Hollywood Reporter tem refletido a típica reação da imprensa ao anúncio desta biografia. Em uma era na qual a indignação total acompanha qualquer coisa que cheire a deslegitimação ou insensibilidade contra um grupo vulnerável… isso equivale a um silêncio ensurdecedor.”, Reed continua. 

Reed alega, no mesmo sentido do documentário, que Michael Jackson tinha um comportamento de “predador sexual”: “O que é mais chocante dentro de ‘Leaving Neverland’, e a coisa mais dolorosa para qualquer pai aceitar, é que, como parte do “processo de preparação” [para o abuso], o predador faz a criança se apaixonar por ele, afogando-o em um tipo de complicidade culposa sobre o abuso. Então, vítimas de abuso sexual irão encobrir seus abusadores e protegê-los por anos ou décadas”.

Ainda, o diretor critica a falta de reações ultrajadas sobre o anúncio do filme, até o momento intitulado como ‘Michael’, que está em pré-produção, relembrando alguns dos temas que estão em seu documentário: 

“O que a total ausência de indignação acompanhando o anúncio deste filme nos diz é que a sedução de Jackson é ainda uma força viva, operando para além do túmulo. Parece que a imprensa, seus fãs e o vasto grupo demográfico que cresceu amando Jackson estão dispostos a deixar de lado seu relacionamento doentio com crianças e apenas seguir com sua música.

Para eles, eu digo: mesmo que você não acredite em uma palavra do que seus diversos acusadores têm dito; mesmo que não esteja preocupado pelas investigações da polícia e os enormes pagamentos para suspender processos legais, como você explica o fato completamente incontestável de que, por anos, Jackson passou inúmeras noites sozinho na cama com jovens meninos? O que eles estavam fazendo, sozinhos em seu quarto em Neverland, com um sinos de alarme no corredor? Isso não pode ser aceitável em nenhuma medida.”

Dan Reed, ainda deixa uma mensagem direta para os envolvidos na produção, incluindo John Branca e John McClain, que cuidam do espólio de Michael Jackson

“Para os cineastas, eu digo: como vocês vão representar o momento em que Jackson, um homem adulto em seus 30 e poucos anos, pega uma criança pela mão e o leva para dentro daquele quarto? Como vocês vão retratar o que acontece depois? Ao colocar de lado a questão da predileção de Jackson por dormir com meninos, vocês estão transmitindo uma mensagem para milhões de sobreviventes de abuso sexual infantil. A mensagem é: se um pedófilo é rico e popular o bastante, a sociedade irá perdoá-lo”

A cinebiografia de Jackson, que deverá retratar sua infância até a vida adulta, ainda não tem previsão de estreia, mas será dirigido por Antoine Fuqua e terá Jaafar Jackson, sobrinho do cantor, o interpretando.

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