Entertainment Weekly revela como os membros do Oscar votam para a premiação, confira

Sob a condição do anonimato, a revista Entertainment Weekly conversou com quatro votantes do Oscar, que são membros de áreas diferentes da Indústria do Cinema. 

Nesta quinta-feira, 9, a publicação revelou como estas pessoas, identificadas como um ator, um publicitário, um diretor e um figurinista, elegeram suas escolhas para a premiação de 2023, além de conseguir explorar seus pontos de vista sobre os aspectos que rodeiam o Oscar

Um ator veterano problematizou, por exemplo, as críticas sobre a falta de indicação de Danielle Deadwyler por ‘Till’ e Viola Davis por ‘The Woman King’, uma produção que, apesar de toda a campanha para adentrar a premiação, foi totalmente esquecida, assim como a protagonista. Para ele, a Academia está fazendo um esforço para agradar a todos e está priorizando indicações diversas, apesar de, em 2023, a maioria dos indicados serem brancos. 

“Quando eles entram em problemas por não dar um prêmio a Viola Davis é tipo ‘não, minha querida, você não merece isso. Nós votamos e nós votamos nos cinco que pensamos serem os melhores’. Não é justo você começar, de repente, começar a bater frigideiras e dizer que estão ignorando pessoas negras. Eles [os negros] não estão… não estão realmente fazendo um esforço. Talvez, houve uma época, há dez anos, quando estavam [se esforçando], mas eles [a Academia] têm, entre todas essas coisas de alto perfil, tentado estarem na vanguarda de serem inclusivos. Viola Davis e a moça diretora precisam sentar, calar a boca e relaxar. Você não conseguiu uma indicação – muitos filmes não conseguem ser indicados. Viola, você tem um ou dois Oscars, você está bem.”

Confira as descrições dos votantes anônimos que conversaram com a EW em 2023: 

Um ator veterano, conhecido por performances em dramas prestigiados, thrillers convencionais e mordazes, que faz parte de produções vencedoras do Emmy, o que o fez merecer consistente aclamação através de sua carreira. 

Um publicitário, veterano do marketing, que regularmente promove alguns dos maiores filmes e performances do ano. 

Um diretor conhecido por seu trabalho na TV e no cinema, que possui uma indicação ao Emmy e dirigiu diversos projetos recentes com a elite mega-popular de Hollywood

Um figurinista que, em seu currículo, tem diversos trabalhos onde veste estrelas A-list em projetos de TV criticamente aclamados e prestigia a temporada de premiações, além de filmes comerciais que vão para o cinema e o streaming. 

Votos dos membros anônimos para MELHOR FILME: 

ATOR: “‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’, porque eu admiro sua ambição. É o mais ambicioso de todos eles. É realmente uma boa viagem… Mas havia alguns disputando o último lugar. ‘TÁR’ foi o próximo… ‘Banshees of Inisherin’ satisfaz perfeitamente o que se propôs a fazer. Eu acho que ‘Top Gun: Maverick’ foi um filme bem feito, divertido e “pipoca”. Completamente bem sucedido no que se propôs a fazer e eu gostei muito mais do que o primeiro, que eu assisti novamente para ter um contexto e não envelheceu bem. Eles têm seus favoritos, seus pets de estimação… Se Cate Blanchett abre uma porta, automaticamente consegue uma indicação. Eu sinto que eles compraram [TÁR] com tudo o que tinha. Parece meio longo, realmente desajeitado, eu fiquei muito confuso […] Eu não acho que tenha uma boa narrativa e com uma performance central que é inautêntica, pareceu muito longo. Eu realmente lutei para passar por aquela coisa.”

DIRETOR“Eu fiz algo realmente estranho este ano. Coloquei ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’ em primeiro, então coloquei ‘Entre Mulheres’ em segundo, porque Sarah Polley [a diretora] não conseguiu uma indicação. Escolhi ‘Banshees of Inisherin’ em terceiro lugar porque é um filme tão bom… Então me abstive do resto, o que eu nunca fiz em minha vida. Eu tive tanto receio de que um quarto lugar poderia bloquear ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’ do primeiro lugar que não fiz justiça a mais ninguém. […] Foi negativo não votar para os outros apenas para assegurar que ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’ vença”.

PUBLICITÁRIO: “Eu aproveitei ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’, penso que tenha sido 20 minutos longo demais, mas cada artista aqui, cada filme deveria ser devidamente premiado, apesar de ser imperativo que o reconhecimento da Academia se espalhe. ‘Banshees of Inisherin’ é meu primeiro lugar. Eu não sabia o que esperar quando comecei a assistir e o que Martin McDonagh faz é uma “realização”.  Une tempo, lugar e ação naquela ilha, aqueles atores que eu não conhecia antes de ele trazer à vida, a sagacidade, o humor negro, a tristeza, o anseio, o senso de comunidade, a fotografia. Nós todos não queremos nos mudar para lá agora? Mesmo nos períodos mais sombrios, o filme me fez sentir fantástico.”

FIGURINISTA: “Eu estou votando para ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’. É o melhor filme do ano e, ainda assim, é um filme pequeno. Eu não me apoio em dublês ou efeitos ou transformações, nenhum desses truques tradicionais que vemos outros diretores e elenco vencedores fazendo. Foi realmente um ótimo filme. Depois foi ‘Elvis’. Sou uma grande fã de Baz Luhrmann, eu amo o filme, o estudo de personagem e os visuais. É Hollywood em seu melhor, pega um material que pensamos que conhecemos, o celebra e o humaniza como uma pessoa sentimos conhecer. [Nada de Novo no Front] não era necessário – eu não fui capaz de responder essa questão enquanto os créditos rolavam. Eu apenas acho que não sou o público para ele. Apenas soa como ‘ok, outro filme de guerra’. Sinto que, como uma Academia que celebra filmes, talvez possamos expandir isso, então não temos que, no meu ponto de vista, sentir que é um filme similar [a outros] de guerra e homens na guerra e a realidade da guerra. Sinto que é um objeto que nós já investigamos como uma forma de arte várias e várias vezes.” 

Votos dos membros anônimos para MELHOR DIRETOR: 

ATOR: “Eu votei para ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’. É um grande swing. Eles fizeram impecavelmente. Eu decidi com cinco minutos nele, que não tentaria seguir [sua história], porque eu ficaria maluco, então apenas sentei e o deixei me tomar e foi muito divertido. Eles manifestaram sua visão perfeitamente. [Spielberg] foi ruim. Eles estava trabalhando em algo, claramente. Eu não sei o que era. A história não é interessante assim. Tudo bem, você faz filmes? Quem não faz filmes quando é criança? Essa fatia particular que você decidiu nos mostrar não foi tão atraente assim… Parece indulgente e ele não poderia ser objetivo sobre isso. Penso que o elenco não foi bem escalado, as pessoas estavam apenas interpretando tipos. Acho que Michelle [Williams] estava tentando ser a “mãe judia”. Paul Dano pareceu realmente perdido pra mim – eu não sei se ele ficou intimidado por Spielberg. Acho que ele estava ótimo em ‘Batman’, mas interpretar um cara normal foi doloroso.” 

DIRETOR: “Eu senti que as pessoas se esforçaram para excluir [mulheres], porque a inclusão é difícil e elas estão cansadas. A Academia tem muito trabalho a fazer com seus membros para torná-la mais representativa… Parece propositalmente excludente. Então, sim, com certeza [eu fiquei desapontado com esse grupo de indicados]. ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’ e os Daniels se sobressaíram, tipo, ao menos um conseguiu. São eles, totalmente. Eu penso que eles fizeram o filme original mais fenomenal que vi em algum tempo, tudo desde a câmera lenta até aqueles mundos de bananas, colocando diversos elementos de cinema juntos, é uma bela direção… Spielberg, que seja, ao menos ele sabe como dirigir e ele me conseguiu ao fim dessa história “John Ford”. Acho que vou dizer que Todd Field é o que menos merece. O assunto [de ‘TÁR’] é muito ruim, ele nos entediou até a morte, mas isso é meio que corajoso também.” 

PUBLICITÁRIO: “Eu fui em um novato chamado Steven Spielberg. Sua vulnerabilidade, sua disposição para se abrir, seu trabalho primoroso por todo o filme, do mise en scène ao figurino, cada frame e as performances, nós fomos capazes de assistir a um maestro no topo de sua área e fazê-lo com uma história tão pessoal tornou isso ainda mais impactante e poderoso. ‘TÁR’ não funcionou pra mim. Vamos dizer, em discussões, ‘TÁR’ é uma daquelas coisas que muito mais pessoas do que pensei não se importam a respeito. Quando você vai um pouco mais fundo, às vezes, as histórias não são necessariamente as narrativas que você tem em toda premiação. Falei com vários membros da Academia, muitas pessoas se sentiram da mesma forma.” 

FIGURINISTA: “Eu vou com ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’, simplesmente porque é muito coração. Uma cena desse filme mostra duas pedras e legendas. Esse é o ponto crucial sentimental deste filme. Isso é uma conquista na direção, eles dirigem o público a se sentir de certa forma enquanto olha para duas pedras com olhinhos. É incrivelmente bem dirigido.”

Votos dos membros anônimos para MELHOR ATOR:

ATOR: “Eu votei para Austin Butler. Odiei aquele filme, é uma dor de cabeça e uma cirurgia esperando para acontecer, mas acho que sua performance o transcende, em detrimento de Baz Luhrmann tentar miná-la a cada passo. Penso que é um feito verdadeiro e uma conquista brilhante. Ele trabalhou duro e pagou o preço, está tudo exposto na tela. Eu não senti que ele estava tipo, implorando por um Oscar. Eu senti que ele queria ser Elvis Presley. Não parece ter tido muito ego em torno disso. “[A Baleia] é muita bajulação para um Oscar. Acho que ele [Fraser] é um cara realmente talentoso, mas não comprei um segundo daquele filme. Eu vi a peça, então eu sabia no que estava me metendo, e de alguma forma transformá-la em um filme apenas fez o artifício parecer muito ampliado… é brega desde o início e nem pensei que a maquiagem fosse boa assim. […] Acho que ele foi bem escalado, mas gostaria que o filme fosse melhor.”

DIRETOR: “Essa é uma das [categorias] mais difíceis também. Acho que Brendan Fraser foi tão comovente e lindamente vulnerável. Primeiro eu estava tipo ‘quero assistir Brendan Fraser é um traje gordo?”. E Bill Nighy… Aquele é um filme ou uma performance de Oscar? Eu não acho que seja. Austin Butler… Eu tenho um grande protesto interno contra ‘Elvis’, porque a melhor coisa que alguém disse [sobre o filme] foi ‘não é tão ruim quanto você pensa que seria’. Eu acho que, no fim das contas, Austin Butler entregou uma performance bonita, mas fui com Brendan por ousar fazer um filme menor com uma história um pouco mais sombria. Ele me surpreendeu. Eu o conhecia como um ator meio brega dos anos 90 e isso foi uma verdadeira revelação, do tipo, ‘este cara é um artista e tem algo a dizer, ele está tentando’.”      

PUBLICITÁRIO: “Eu acho que é uma corrida de três caminhos. Eu tive um momento difícil assistindo ‘A Baleia’… Acho que a abordagem para este personagem muito triste, o movimento chocante do maiô do corpo e a maquiagem… Acho que é algo onde cabelo e maquiagem lideram mais do que a performance [do ator]… Foi realmente difícil assistir este ator neste maiô de corpo gordo engolindo pizzas e grandes quantidades de comida – e a maneira perversa como a câmera rastreia uma parte do corpo. Eu achei grotesco. Fiquei realmente desapontado com ‘A Baleia’. Coloquei meu voto em Colin Farrell. O que ele fez com aquele personagem e o arco do personagem, a simpatia, um personagem que não é o mais inteligente do mundo e ele foi capaz de trazer a ele uma terceira dimensão. Tem momentos que são marcantes.”

FIGURINISTA: “Brendan Fraser. Eu penso que é uma performance realmente “contida”, é um ótimo exemplo do que esta categoria gosta de honrar: uma performance extraordinária segurada por um ator. Você está com este personagem totalmente desenvolvido, com quem fica pela maior parte do filme e vive o mundo de uma perspectiva diferente. E eu acho que Brendan ofereceu essa beleza de um jeito contido, humano e, realmente, incrível. Quando você tenta isolar a melhor performance de um ator protagonista, é a de Brendan, com certeza.” 

Votos dos membros anônimos para MELHOR ATRIZ: 

ATOR: “Eu votei para Michelle Yeoh. É um grande, grande swing aquele filme e eu não sei se aterrissou completamente bem sucedido. A coisa sobre Michelle que eu aprecio é que ela é um centro muito pé no chão naquele filme e todas as coisas que ela precisa fazer… Acho que ela fez tudo lindamente. Eu meio que estou ressentido porque, claramente, todos estão dizendo que ela vai vencer e eu odeio ter que apoiar isso – que tenha sido inventado que este é o ano dela -, mas de todas as performances, ela entregou a melhor das cinco indicadas. Eu fiz uma pequena promessa durante ‘TÁR’ de que nunca mais irei ver Cate Blanchett atuando novamente. Eu acho que este tem que ser o fim disso, não pode continuar. Acho que ela é uma mulher talentosa, mas é tão técnica que chega a ser fria e estou sempre vendo sua atuação. A pessoa que eu gostaria que estivesse ali [indicada] era Judy Davis em ‘Nitram’. Impressionante. Você tem Cate Blanchett e Judy Davis, ambas da Austrália, e elas não poderiam ser mais diferentes. […] Sinto que Cate apenas quer que todos nós nos apaixonamos por ela e quer ser uma estrela de cinema e eu não estou a bordo disso. Acho que [Ana de Armas] estava realmente bem e houveram momentos naquele filme em que eu acreditei que ela era Marilyn Monroe. Ela capturou isso fantasticamente, eu apenas odiei tanto aquele filme que não pude voltar a vê-lo. Ela foi torturada e estuprada e vitimizada em cada pequena cena. Ela não poderia passar por uma porta sem ter alguém a estuprando. [Michelle Williams] foi Trágica. […] Acho que ela é uma atriz maravilhosa na coisa certa, mas estava lutando neste aqui.”

DIRETOR: “Definitivamente, Michelle Yeoh, é claro, apenas por seus anos de trabalho espetacular e entrega inesperada. Tem um momento tão lindo quando olha para o marido dela no filme e diz ‘Eu vi toda a minha vida sem você’ e você espera por este momento, quando ela diz ‘Era tão bonita’. A fala é dolorosamente hilária, mas o jeito que ela diz, com aquela dedicação, você fica ‘meu deus, isso foi tão honesto’. A mulher faz acrobacias… O que Michelle Yeoh não pode fazer? Eu quero que ela consiga todos os prêmios o tempo todo. Estive ouvindo muitas reclamações sobre a atuação de Cate em ‘TÁR’ ser exagerada e maior do que o cenário [do filme]. Eu sempre amei Cate, acho que ela é uma profissional incrivelmente talentosa, mas a coisa sobre ‘TÁR’ é que você está assistindo ela performar de longe, você não está lá com ela, enquanto Michelle coloca você dentro [do filme] e você sente tudo com ela.”

PUBLICITÁRIO: “Estou escolhendo Michelle Yeoh. Ela coloca simpatia, humanidade e literalmente o que significa ser uma estrela de cinema neste papel de um jeito incrivelmente nu. Ela habitou aquele personagem de uma maneira forte e não deixou os efeitos ou o multiverso tomarem conta. Ela é o coração e alma do filme… Eu acho ‘TÁR’, absolutamente, pretensioso. Eu queria amar. Cate Blanchett não pode errar. Ela está fenomenal em ‘TÁR’, mas eu não me importei com o filme. A coisa dos créditos no início foi pretensiosa, eu não entendi. Aquilo foi uma grande desconexão.”

FIGURINISTA: “Michelle Yeoh. Novamente, ela é uma dessas pessoas, do tipo, ‘como não fizemos isso antes?’ É difícil para mim não ir em Cate, porque ‘TÁR’ é singular, [mas] eu não acho que haja competição. Michelle interpretou 400 personagens em um close-up, ela fez o trabalho inteiro dessas outras atrizes em seus filmes [mas em um só filme]. Este é o momento onde nós precisamos reconhecer o conjunto de trabalho de uma pessoa. Eu não sou fã de ‘Blonde’. Acho que ‘Blonde’ é ótimo para ter uma conversa com uma taça de vinho, eu não acho que precisava se tornar um filme. Acho que foi bonito, ótimo de se ver, mas eu não vejo performances ou qualquer direção que permaneceu comigo. Não desencadeou uma conversa instigante, agradável ou necessária.” 

Em relação à categoria de Melhor Ator Coadjuvante, o ator votou para Brendan Gleeson e o publicitário votou em Barry Keoghan, ambos de ‘The Banshees of Inisherin’, enquanto o diretor e o figurinista votaram para Ke Huy Quan de ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’. 

A categoria de Melhor Atriz Coadjuvante também não foi unanimidade: o publicitário e o figurinista foram em Angela Bassett de ‘Pantera Negra: Wakanda para Sempre’ ao passo que, o diretor votou para Stephanie Hsu de ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’ e o ator votou em Kerry Condon de ‘The Banshees of Inisherin’.

O mesmo aconteceu na categoria de Roteiro Adaptado, onde a figurinista votou para ‘Top Gun: Maverick’, o publicitário e o diretor votaram em ‘Entre Mulheres’ e o ator votou em ‘Living’.Para Melhor Roteiro Original, os votos ficaram divididos entre ‘The Banshees of Inisherin’ e ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’.

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