A atriz Lena Dunham tem divulgado uma série de podcasts chamada “Women of the Hour [Mulheres da Hora]”. Gravado com diversas personalidades, o programa quer mostrar um lado pouco conhecido da fama entre as mulheres do show business.
Dois exemplos foram os relatos feitos por Tinashe e Camila Cabello. Divergências de ideias, conteúdo sexual em canções e apresentações, além de imposições das gravadoras são alguns dos temas abordados pelas cantoras. Confira abaixo.
Tinashe
“Quando o tema/letra da minha música começou a ir em uma direção que particularmente não me agradava, eu disse ‘hey, talvez possamos tentar algo de uma perspectiva diferente’. Nunca fui de não dar minha opinião. Meu comentário pareceu ter sido ignorado. Todos acharam o tema ‘genial’. Eu quis ser respeitosa e então pensei ‘ok, talvez possamos trabalhar nessa ideia por enquanto e então podemos criar algo que seja mais meu estilo mais tarde’. O representante da minha gravadora estava lá e eu, como uma novata, sem nenhum hit, senti uma grande pressão para permitir que qualquer um naquela sala assumir os trabalhos. A noite se arrastou, com a música cada vez mais distante de algo que eu cantaria. Eu me lembro de puxar o representante da gravadora para expressar como eu estava desconfortável. Eu não queria gravar aquela música. Não era minha intenção ser uma pessoa difícil, nem desperdiçar o tempo de alguém, mas eu não podia, como artista, estar por trás daquela letra. Então ele virou e disse: ‘bem, podemos ir para casa’. Comecei a chorar, me senti completamente derrotada. Eu sabia que, naquela hora, ele me via como uma pessoa que não queria ajudar, mas ir para casa era o oposto do que eu queria. Eu senti que isso nunca aconteceria se um dos meus colegas homens tivessem se expressado como se sentiam. Por que eu, como uma jovem mulher, estava sendo tratada mais como se tivesse ganhado um premio para estar lá? Como se eu estivesse em um concurso de beleza ou um concurso de popularidade, sem pleno respeito como um artista. Enxuguei minhas lágrimas e, contra minha vontade, gravei a música que odiei. Fim. Aquela sessão de gravação me ensinou muito. Dali em diante, tentei nunca mais me colocar nessa posição de novo, mas a situação se repetiu em diversas ocasiões. Eu aprendi que, se não posso confiar em mim mesma e nas minhas opiniões, eu perco todo meu valor como artista. Eu perco o que faz a música ser tão mágica para mim: a habilidade de expressar meus sentimentos. Como mulher, agora sei que tenho que trabalhar dez vezes mais para ganhar meu respeito. Mas isso não me desencoraja, porque sei que vou conseguir e sei que mereço”.
Camila Cabello
https://soundcloud.com/womenofthehour/noise-bonus-episode-camila
Gravado antes de sua saída do Fifth Harmony, Camila Cabello afirma durante o bate-papo estar muito agradecida pela oportunidade de iniciar sua carreira e se tornar mundialmente conhecida. No entanto, a cantora falou abertamente sobre os processos de criação e reafirmou as diferenças de cada integrante da banda – de forma individual. Ela também da sexualização da girlband e como isto a deixava desconfortável.
“Especialmente sendo um grupo de garotas, houve muitas vezes em que as pessoas tentaram nos sexualizar apenas para chamarmos mais atenção. Infelizmente, o sexo vende. Definitivamente tiveram várias vezes onde passei por situações onde eu não estive confortável e eu tive que bater o pé (…) Eu sinto como se tivesse sido estranho porque tivemos que crescer com nós mesmas e ao mesmo tempo na frente ao mundo e fazendo canções que tinha um monte de conotações sexuais. Não há nada errado com a sexualidade. Se isso estiver dentro de você, será apenas uma expressão de quem você é. Se você quiser compartilhar isso com as pessoas, isso é incrível”.