A atual Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi eleita a Mulher do Ano pela Revista TIME.
Nesta quinta-feira, 1, a publicação revelou os 12 nomes femininos que compõem a lista dos nomes mais proeminentes de 2022. Ao lado da brasileira, estão as atrizes Cate Blanchett e Angela Bassett, a cantora Phoebe Bridgers e a roteirista, atriz e comediante, Quinta Brunson.
Segundo a publicação, “A Ministra da Igualdade Racial do Brasil nunca planejou entrar para a política. Então, sua irmã foi assassinada.” A revista TIME relembra como a vereadora da cidade do Rio de Janeiro, Marielle Franco, era uma ativista apaixonada e decisiva das causas LGBTQ e das pautas de igualdade racial, bem como o fato de ser uma inspiração para a irmã mais nova, Anielle.
“Eu era mais tímida. Porque eu tinha minha irmã ali como uma líder, eu ficava de lado”, conta a ativista que, cinco anos depois da fatalidade com Marielle, se tornou Ministra após sua busca incessante pela resolução concreta do caso e, consequentemente, por justiça, colocá-la nos holofotes nacionais.
A revista recorda como o assassinato de Marielle tornou Anielle uma ativista constante na luta pelos direitos humanos e uma opositora do ex-Presidente Jair Bolsonaro, que ficou no cargo de 2019 a 2022, até ser derrotado por Lula; que a colocou em uma posição “dos sonhos” para avançar pautas progressistas.
Ainda, a publicação aponta que os desafios são muitos para a nova Ministra, que tomou posse em Janeiro. Durante a gestão Bolsonaro, as mortes pela polícia bateram recorde e 84% das vítimas eram negras. Em 2022, no período pós-pandemia, houve um salto de 60% no número de brasileiros negros passando fome, quase o dobro da parcela branca, que passou pela mesma experiência no mesmo período. Além disso, Bolsonaro cortou diversos programas sociais, criados para auxiliar comunidades marginalizadas, o que Anielle descreve como uma verdadeiro “projeto político”:
“Isso era um projeto político que ele estava forçando – para colocar de lado tudo o que era para pessoas negras, pessoas indígenas, mulheres, pessoas pobres, pessoas LGBTQI. Eu estou feliz que nós conseguimos pará-lo”, conta Anielle.
Porém, a TIME relembra que, apesar da eleição apertada, parar Bolsonaro foi apenas um primeiro passo, já que agora o jogo político realmente começou e a Ministra, assim como o governo Lula como um todo, deve lidar com um Congresso conservador, o que Franco garante que pode fazer: “Eu perdi meu medo quando eles mataram minha irmã. Agora, eu luto por algo muito maior do que eu mesma”, ela diz.
A publicação aponta como a morte de Marielle Franco desencadeou uma onda de protestos pelo Brasil, pedindo justiça, liderados por Anielle e pela viúva da vereadora, Mônica Benício, chegando ao nível internacional, sendo mencionada até mesmo por personalidades internacionais durante eventos no país.
Para dar continuidade ao legado da irmã, foi criado o Instituto Marielle Franco, organização sem fins lucrativos, que produziu relatórios sobre casos de racismo, sexismo, violência política e outros.
Segundo a revista TIME, a prioridade de Anielle, sob o poder do governo federal, é endereçar a luta contra o genocídio da população negra, combatendo o racismo nas polícias. A Ministra se encontrou com o Ministro da Justiça, Flávio Dino, e ofereceu ajuda para criar uma política efetiva, coordenando discussões com a sociedade civil, policia e residentes da favela, pois não “não dá para sentar e ficar especulando enquanto as pessoas estão morrendo”.
“Eu espero que as pessoas negras cheguem a um lugar de protagonismo em nossa sociedade e não fiquem apenas nas primeiras páginas dos jornais como vítimas de um genocídio”, conclui Anielle sobre os quatros anos em que poderá atuar neste sentido.
Esta é a primeira e única vez que uma brasileira é reconhecida como Mulher do Ano pela revista TIME.
