A “classe média” do pop: o streaming e o fenômeno de artistas (quase) famosos

Na internet, inclusive neste Portal que vos fala, a conversa muitas vezes gira em torno de um grupo de artistas como Kim Petras, Ava Max, Sabrina Carpenter, Bebe Rexha, Rina Sawayama, Rita Ora, Troye Sivan e outros, que são debatidos e adorados, frequentemente se tornando assuntos populares. Para seus fãs leais, muitos dos quais são mulheres e homens queer (que sempre se esforçaram para valorizar divas subestimadas), elas são, na “linguagem da internet”, verdadeiras estrelas pop.

Uma reportagem especial do The New York Times abordou como esses artistas, sem dúvida, são celebridades, com consideráveis seguidores nas redes sociais. De acordo com a publicação, eles podem até ter experimentado um certo grau de popularidade, como um hit na Hot 100, um momento viral no TikTok ou simplesmente uma coleção muito fiel (embora modesta) de seguidores que lhes permite lotar shows em locais de médio porte ao redor do mundo. No entanto, ainda não conseguiram dar o salto para o mainstream da música, ou então não conseguiram se manter lá.

“Em algum canto da internet, “The Loveliest Time”, sétimo álbum de Carly Rae Jepsen, pode ser o maior lançamento do ano, porém o ouvinte médio de rádio provavelmente não o ouviu (e ele nem apareceu no Top 200 da Billboard” – Imagem: Reprodução

Em vez disso, a “classe média do pop”, como traduzido pela Folha, está construindo carreiras com músicas pop pegajosas e vívidas, canções que parecem abordar ativamente e brincar com os clichês da história pop, tudo isso contando com a ajuda de bases de fãs que as tratam como se fossem tão grandes quanto Taylor Swift. Para esses artistas, o estrelato pop não é apenas uma categoria comercial, mas sim um som, uma estética e uma atitude.

Para o The New York Times, o streaming essencialmente criou um grupo de estrelas pop que talvez nunca consigam alcançar a viralização ou o apoio de grandes gravadoras necessários para chegar aos patamares mais altos das paradas ou lotar estádios, mas ainda assim possuem bases de fãs dedicadas e receita consistente proveniente de turnês e licenciamentos (essencialmente, o tipo de modelo com o qual músicos independentes têm contado há anos). Pode estar muito longe do espetáculo e do brilho normalmente associados à música pop, mas oferece um caminho em direção a algo que, por décadas, tem se mostrado elusivo para muitas estrelas pop aspirantes: a sustentabilidade de carreira.

Um dos grandes exemplos utilizados pela publicação foi Charli XCX, que passou grande parte de sua carreira criando discos “excêntricos” e “abrasivos” com uma série de colaboradores dos mundos do hyperpop e da música eletrônica experimental. Uma vez uma verdadeira perspectiva comercial, nos primeiros anos de sua carreira, Charli conquistou vários top 10 na parada Hot 100, incluindo o número 1 com a colaboração “Fancy” com Iggy Azalea. Parecia, por um tempo, como se Charli tivesse voluntariamente se afastado das “olimpíadas da música pop”, talvez como uma forma de se proteger contra os caprichos muitas vezes cruéis e insensíveis da indústria das grandes gravadoras.

Como se revelou, era na verdade algo muito mais simples do que isso: ela estava apenas fazendo um “desvio estético”. Seu quinto álbum “Crash”, lançado no ano passado e voltado mais para o mainstream, foi descrito pela própria Charli como o momento de sua “entrada no mundo pop” e estreou na sétima posição, sua mais alta posição na parada Billboard 200 até então. Neste mês, seu single “Speed Drive”, escrito para a trilha sonora de “Barbie”, se tornou sua primeira entrada na parada Hot 100 em nove anos. Isso enfatizou o ponto: ela pode ser uma estrela pop de grande sucesso, se assim desejar.

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