A Rainha dos Clubes não brinca em serviço.
A gente estava esperando um álbum novo da Beyoncé, mas quem decidiu voltar de vez do limbo (para o Twitter) hoje foi a polêmica rapper Azealia Banks.
Depois de se dizer cansada das polêmicas envolvendo seu nome e querendo se livrar da má reputação que adquiriu ao longo dos últimos anos na rede de microblogs, a nova-iorquina ressurgiu de surpresa agora há pouco e já jogou em nossos colos a bomba-relógio SLAY-Z, que não é sucessora do imortal Broke With Expensive Taste, mas é uma mixtape e tanto.
Já vamos explicar por quê.
Slay-Z Cover Art. pic.twitter.com/SNHe0V4pk4
— AZEALIABANKS (@AZEALIABANKS) 25 de março de 2016
Tendo prometido o material por meses a fio na internet, o que só ocasionou em Kunts (fãs) impacientes e muita, mas muita conversa – afinal, estamos esperando ainda mais dois projetos dela para 2016 – Azealia escolheu, pelo visto aleatoriamente, o 24 de março para mostrar ao mundo seu lado mais comercial e menos ameaçador até então.
“Nós podemos começar um motim”, entoa a garota de Harlem em Riot, uma colaboração nada previsível com a outra MC Nina Sky, e um número bastante inofensivo comparado às faixas agressivas que costumávamos receber da hitmaker de 212 antes.
Isto não significa, necessariamente, que ela esteja sendo “básica”: é interessante ver como, ao mesmo tempo, ela pode brincar em meio a uma dissonia sonora perturbadora, vide Yung Rapunxel (de seu primeiro álbum de estúdio), e depois apostar num eletro-pop quase branco demais para os guetos.
Na próxima, Skylar Diggins, Banks nos leva de volta aos tempos de ouro da veterana Missy Elliott – em alguns momentos, mal pudemos diferir as vozes uma da outra – mas, mesmo com uma batida assumidamente mais nervosa e todos os “bitch” e “n*ggas” a que temos direito, ainda continua amante não-assumida do mainstream.
A coisa está começando a ficar séria.
Única colaboração de peso na mixtape, o controverso Rick Ross protagoniza Big Talk, uma cusparada de rimas e sintetizadores que soa quase como um interlúdio extra-longo, que acaba desembocando em Can’t Do It Like Me, que, finalmente, nos leva de volta à frieza e voracidade do álbum debute da rapper.
Se ainda havia dúvidas acerca disso, saibam que baixa-estima e falta de confiança não são conceitos aplicáveis a Azealia Banks. A única verdadeira “decepção” é a faixa ser, assim como a anterior, um tanto quanto curta para nossas necessidades.
A próxima já conhecemos do mês passado: primeiro “single” do material, The Big Big Beat é Azealia em sua forma mais clássica: dance demais para as ruas e Hip-Hop demais para as ondas de rádio pop. A grande batida mencionada, só para constar, foi providenciada pelo promissor An Expresso, e faz jus ao nome.
Balada powerhouse eletrônica? Tá tendo também.
Used to Being Alone é o momento “coração” da mixtape, e uma das produções mais sofisticadas e pomposas de toda a carreira da intérprete. Além de mandar bem num freestyle como ninguém, Azealia tem um vozeirão que ninguém pode negar, e não está com receio de mostrá-lo. Já decidiram se vão se acabar na pista ou chorar? Será que é possível encontrar um meio-termo?
“How does it feel to treat me the way you do?”
Na reta final, Azealia encarna a Queen of Clubs e mostra que a Europa tem feito um bem danado a ela. Mesmo que a batida seja anti-clímax e o dance break nunca venha, ainda não está na hora de tirar as sapatilhas de dança e ir para casa. Um atrativo à parte, Along the Coast tem a nada facilitada tarefa de concluir a jornada e, segundo Azealia, é uma prévia do que ainda vem por aí na próxima missão a ser cumprida, Fantasea II: The Second Wave.
O trailer é efetivo: já estamos contando os minutos para ter outra dessas mixtapes em mãos.
Oito faixas e alguns ataques epilépticos nas nádegas depois, podemos concluir, pela quarta vez consecutiva, que quando Azealia Banks promete oitavas maravilhas do mundo, entrega algo exponencialmente melhor que já antecipávamos. Afinal, a Rainha dos Clubes não brinca em serviço, e isto, queridos leitores, requer muita pouca força de vontade e, por outro lado, uma dose invejável de talento.
A última coisa que queremos, agora, é ser uma de suas concorrentes.