Na ficção, seis jovens em um colégio interno se unem por um só motivo: a música. Quando a realidade e o poder de uma novela se juntam, numa época em que não haviam tantos ídolos latinos para que os adolescentes se inspirassem, o resultado só poderia ser um: o fenômeno mundial RBD.
Vamos relembrar a história de uma das bandas que conquistou o coração dos brasileiros, declarados eternos apaixonados pelo nosso país. A novela, a banda, as polêmicas dos bastidores e as interrogações finais que marcaram o fim do sexteto.
A novela “Rebelde”
Após o término de grandes sucessos pela Televisa, o produtor Pedro Dámian precisava apresentar algo aos jovens em que eles realmente se identificassem. Assim, surgiu a ideia de produzir um remake de um drama que havia feito bastante sucesso na Argentina, a “Rebelde Way”.
Em 4 de outubro de 2004, com uma trilha sonora marcante, entra ao ar o primeiro capítulo de “Rebelde”. No começo da música, a jovem e talentosa atriz conhecida em todo o México, Anahí. Relembre:
A abertura da trama traz o que Pedro Damián queria: jovens fazendo bagunça, festa, diversão e muitos amores proibidos. Sucesso imediato! A cada episódio da novela, a audiência aumentava cada vez mais, conquistando desde adolescentes até os adultos.
A descoberta do primeiro amor, os problemas familiares, bullying, conflitos, problemas de distúrbios alimentares seriam tratados de forma leve, com o objetivo de trazer a importância desses tabus aos jovens.
Anahí, Alfonso Herrera, Dulce María, Christopher Uckermann, Maite Perroni e Christian Chávez não eram capazes de imaginar o estrondoso sucesso que estava por vir. No Brasil, a audiência do SBT explodia cada vez que Mia Colucci aparecia com seu famoso bordão “é tão difícil ser eu!”.
Exibida em mais de 30 países, “Rebelde” foi dublada e reproduzida por grandes públicos, como Brasil, Estados Unidos, Espanha, Polônia, Argentina e muito mais. Originalmente exibida pela Televisa de 4 de outubro de 2004 a 2 de junho de 2006, totalizando três temporadas, com 440 capítulos.
A criação do RBD
Em meio a um sucesso estrondoso, o produtor, Pedro Dámian, teve a brilhante ideia de expandir os seis jovens da telinha para as turnês mundiais. Tudo foi muito planejado de maneira estratégica, para que, se houvesse algum tipo de rejeição, não afetasse a audiência da Televisa.
Foi nos estúdios “dentro da própria casa”, na emissora, que a divulgação da banda começou. Fazendo apresentações em programas de TV, com um pouco de base misturado com o som ao vivo, o produtor pode sentir na pele o delírio dos fãs em cada refrão cantado pelo sexteto. Abaixo, relembre uma das primeiras apresentações como grupo, no “La Parodia”.
Presença de palco, carinho do público e sucesso estrondoso. Pedro Dámian não havia dúvidas: ele poderia lançar o RBD para todo o mundo que haveria o retorno imediato dos fãs. Hora de preparar álbuns, turnês, arrumar tempo pra gravar a novela e sair por toda a América Latina.
O primeiro álbum e as turnês
Assinado pela EMI Music, o primeiro álbum do RBD é mais um fenômeno raro que acontece com os sucessos: todas as músicas são hits e sabem ser cantadas do começo ao fim pelos fãs. “Rebelde”, “Solo Quedáte En Silencio”, “Sálvame”, “Un Poco de Tu Amor”, “Fuego” e “Santa No Soy” são só algumas músicas que compõe o primeiro trabalho em estúdio do sexteto.
O primeiro trabalho do grupo foi diamante e platina em diversos países, alcançando o topo das paradas em diversos países. Inclusive, mesmo que a sua popularidade não fosse tão grande entre os norte-americanos, a produção estreou no top 100 da Billboard Hot 200.
“Sálvame”: a música que marcou o primeiro disco e uma das mais pessoais para Anahí. Logo em seguida, vamos entrar um pouco mais nos detalhes de um forte período que a cantora viveu antes e durante o fenômeno mundial.
Com um álbum vendendo que nem água, era hora de estrear nas grandes turnês. América do Norte, América do Sul, América Central e Europa foram os destinos do RBD. Deu-se início em 2005 e terminou dois anos após, em 2007. No total, dois milhões de ingressos vendidos para suas 154 apresentações ao vivo.
A “Tour Generación” foi palco de grandes estádios e teatros importantes, como o Palacio de los Deportes e Auditório Coca-Cola, uma das principais referências para artistas se apresentarem naquela época. Vamos matar a saudade?
Além disso, o RBD tem uma discografia feita só de sucessos.
- “Rebelde”;
- “Nuestro Amor”;
- “Tour Generación”;
- “Live in Rio”
- “Celestial”;
- “Hecho en España”
- “Empezar Desde Cero”;
- “Live in Hollywood”
- “RBD, La Familia”
- “Rebels”
- “Tour del Adíos”
- “Para olvidarte de mí”
As dificuldades de Anahí
Anahí viveu um período bastante pesado antes das gravações de “Rebelde”. A atriz sofreu de anorexia nervosa, quadro clínico que quase a levou a morte. A obsessão da mídia mexicana por corpos e beleza é bem pior que em outros países e, infelizmente, devido a tanta fama, a intérprete de “Sálvame” acabou deixando-se levar pela doença.
Em um documentário para a televisão fechada, a cantora comenta que chegou a ir ao hospital dada como morta devido a desnutrição que a doença causa. No centro médico, um milagre aconteceu. O coração de Anahí parou por oito segundos, voltando com fracos batimentos em seguida. Emocionada, a mexicana conta que então tomou forças e a partir daquele instante nascia uma guerreira, que iria lutar para curar-se e então investir em divulgar o tratamento para anorexia e bulimia ao redor do mundo.
O fenômeno “Rebelde” invade o Brasil
De 20 de setembro a 8 de outubro de 2006, os fãs brasileiros sentiram que a realeza estava pertinho deles. Em uma turnê com repertório especial para o país, o RBD causava euforia e confusão por onde passavam. Foram treze apresentações pelos mais diversos estados, ganhando então, o título da maior turnê internacional já recebida no Brasil até os dias de hoje.
Em São Paulo, uma tragédia inesperada acontece. Cerca de 10 mil fãs esperavam para terem seus discos autografados pelo sexteto, que logo após fariam um show improvisado no estacionamento do shopping na cidade. O problema era que estavam sendo esperando cerca de dois a três mil fãs. O resultado? A grade que separava os artistas da platéia caiu e a confusão começou. Três pessoas morreram pisoteadas e trinta e três ficaram feridas.
Em 8 de outubro de 2006, o RBD para o Rio de Janeiro. Literalmente. O trânsito que o sexteto causou durante sua grande performance no Estádio do Maracanã foi motivo de notícia pela imprensa na época.
O grupo se apresentou no Maracanã para cerca de 60 mil pessoas, recorde naquela época. O registro do momento foi lançado somente em 2007 e acumula cerca de dois milhões de cópias vendidas. No meio do show, o RBD decide fazer uma surpresa: começar as divulgações para seu terceiro álbum em estúdio com o single “Ser O Parecer” – o que eles não esperavam – os fãs já sabiam a letra. A faixa foi cantada por todos presentes.
A fórmula do sucesso e o fim do grupo
Mesmo com um sucesso estrondoso, o grupo musical soube o momento certo de terminar. Com o fim da novela e algumas turnês mundiais de grande potencial, o RBD anunciou seu fim em forma de comunicado oficial no site da banda.
Era uma boa jogada de marketing encerrar sua trajetória enquanto seu nome ainda era um dos mais relevantes entre o mercado latino, certo? Não para todos. Anahí e Christian Chávez foram dois dos membros da agrupação que foram contra o fim do RBD e chegaram até protestar publicamente seu desgosto pelo que viria a acontecer.
“Adiós” é uma música que emociona os fãs até os dias de hoje. A faixa contem uma letra e melodia nostálgica, onde os ex-integrantes do fenômeno relembram tudo que aconteceu e contam que jamais poderão repetir o que sentiram estando juntos.
Afinal de contas, por que o RBD fez tanto sucesso? A resposta é simples e foi dada pelo próprio criador, Pedro Dámian. Não haviam grupos latinos com aquela temática jovem para que os fãs pudessem se inspirar. O sexteto foi uma fórmula muito bem pensada que rendeu uma incrível novela, turnês, álbuns e estará sempre marcado na história do Brasil, México e mundo.
Com tantos rumores de um possível reencontro, resta-nos ficar com a frase dita por Alfonso Herrera:
“O RBD só irá morrer quando o último coração rebelde deixar de bater”