Com letras que invertem as posições do homem e da mulher na sociedade machista e colocam os namorados para “lavarem as calcinhas”, Mc Carol vem se destacando na internet em diversos segmentos. Saindo do âmbito tradicional do funk (as favelas), ela agora canta em boates voltadas para o público LGBT, que graças a divulgação de seus vídeos nas redes sociais, se identificaram com o conteúdo misto que ela se propõe a fazer para seus seguidores.
Indo de desilusões amorosas, fim de relacionamentos e também faixas que representam o sexo explícito, Carol nunca teve papas na língua ou repressão de cantar canções mais “pesadas”, mesmo com os padrões mais “tradicionais” que reprimem mulheres a esse tipo de conteúdo. Em entrevista para a revista “Fórum”, a funkeira falou sobre sua carreira e o Feminismo, que vem tomando proporções avassaladores e vem reunindo mulheres de todo o planeta que militam por uma sociedade sem sexismos.
Mc Carol foi questionada sobre o movimento e afirmou que apesar de ter tido contato com o conceito Feminista há pouco tempo, sempre esteve junto e fazendo com o que o conceito principal fosse valorizado em seu trabalho: “igualdade para todos”.
“‘Feminista’ é um rótulo que eu só conheci no ano passado, mas sempre tive na cabeça que deveria existir igualdade entre todas as pessoas. Sempre lutei por isso, desde pequena. É como uma armadura, uma proteção, a única forma que eu encontrei de eu conseguir respeito, me colocando como igual aos homens. Eu sempre tive muita autoridade lá no morro. Levava porrada na rua, mas também batia. Hoje, ainda não sei totalmente o que é ser feminista, mas estou desvendando, de pouquinho em pouquinho. Depois de ler bastante e de conversar muito, sei que o vulgo feminista é a mulher que luta pelos seus direitos. E aí pensei: sempre fui essa mulher. Quando a menina postou aquilo, respondi: ‘Fase não: uma vida inteira’. Na minha próxima música, ‘100% feminista’, vou falar bastante sobre isso.”
Além de falar do movimento, ela também comentou a letra de suas canções. Uma delas, chamada de “Não Foi Cabral”, traz o questionamento de que o descobrimento do Brasil não foi feito pelos portugueses como apontam os livros de História. A música logo tomou grandes proporções na internet e chegou até ser melhor analisada por acadêmicos de universidades do país.
“Não sabia muito bem sobre o que falar. Então pesquisei, perguntei e aprendi ainda mais.”, disse sobre “Não foi Cabral”. “Vi que a história do Brasil só fala de brancos, mas tem muitos negros importantes, e muitas negras. Quis falar sobre a Princesa Isabel também porque em Niterói, no pé do morro Preventório, de onde venho, tem a casa de bonecas da princesa. E a minha comunidade era um cemitério de negros. Tudo isso ficou na minha cabeça e acabei misturando tudo, e acabou virando um questionamento enorme. Nada contra os professores, como falo na música, mas quem libertou os negros foram os próprios negros. Se os negros aceitassem viver como bichos, como eles viviam, levando chicotada, acorrentados, a gente ia ser escravo até hoje. Foi só porque a gente não se calou que tudo acabou. A princesa não lutou, ela só assinou um papel para ficar na frente de uma luta que já estava acontecendo há muito tempo e que ninguém queria ver. Questionava isso na sala de aula e era colocada para fora, mas hoje eu vou na faculdade e canto isso e todo mundo ouve.”
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