‘Un Verano Sin Ti’, ‘Versions of Me’ e ‘Saturno’: Variety elege os 10 melhores álbuns latinos de 2022

Em 2022, a música latina esteve por toda a parte e, querendo ou não, mesmo os veículos americanos tiveram que se movimentar para abraçar o movimento. 

Segundo a revista Variety, os artistas de língua espanhola dominaram o cenário cultural enquanto a cena cresceu mais e mais saturada do que nunca, com lançamentos de nomes de peso já consagrados na indústria e novas promessas. 

A publicação aponta que Bad Bunny e Anitta cristalizaram seu “status global como ícones da música” a partir de números recordistas e críticas positivas – o que os levou a servir, de fato, como representantes de seus respectivos países. 

Ainda, de acordo com a revista, a grande visibilidade garantida pelos artistas latinos deu a eles a liberdade de experimentação durante seus processos criativos, sem a necessidade de se conformar ou se prender a um gênero apenas  – ou a uma língua.  É justamente por conta da diversidade, estabilidade e pioneirismo que a cena deve seguir por uns anos, mas, por enquanto, a Variety selecionou os dez melhores trabalhos de 2022. Confira abaixo:

10. Silvana Estrada – Marchita (Glassnote)

“Artista venezuelana, Estrada pinta um retrato confortável em seu segundo álbum de estúdio. O contrabaixo e as batidas leves de uma jarana embelezam histórias catárticas que irradiam angústia e amor em igual medida. Às vezes, suas letras lamentosas sussurram, em outras fervilhantemente declaram, mas ambas as técnicas são úteis em uma convicção que convida os ouvintes a mergulhar dentro de cada música – com ou sem a barreira da linguagem – e sentir cada palavra, através de uma combinação de folk tradicional e arranjos sofisticados.” 

9. Anitta – Versions of Me (Warner Records)

“A bravata relaxante de Anitta, ‘Versions of Me’ é efetiva e contagiante. Com calma, ela salta entre o inglês, o português e o espanhol em uma sonoridade eclética que presta tributo ao funk carioca enquanto permanece ancorada no hip-hop e em uma composição pop magistral. Não é uma gravação temática ou coesa em nenhum ponto – mas há um charme inegável nas trocas entre o electro-pop, como a faixa-título, e hinos do reggaeton como a colaboração com Chencho Corleone, ‘Gata’, onde a cantora desfila sua voz ao lado de um sample da dupla porto-riquenha, ‘Guatauba’. Na faixa trap-pop, ‘Girl From Rio’, que interpola ‘Garota de Ipanema’, ela canta alegremente sobre sua cidade-natal e programa com orgulho: ‘Hot Girls, where I’m from, we don’t look like models / Tan lines, big curves and the energy glows”. No final, o álbum de 15 canções é sustentado pela persona ativa de Anitta e sua paleta única de influências.” 

8. Divino Niño – Last Spa on Earth (Winspear)

“Uma alegre mistura de electro-house e hip-hop, o álbum oferece um convite aberto para os ouvintes de mente aberta entrarem no místico e experimental mundo do reggaeton. Quase que inteiramente em espanhol, o álbum de 12 faixas é uma dispersão distintiva da banda de pop-psicodélico de Chicago. E apesar do fato de a internet dissolver completamente as restrições do limite entre os gêneros, faixas como ‘Mona’ e ‘Ecstasy’ provam que ainda há algo ilicitamente sedutor em alternar entre sons aparentemente incompatíveis em um período de três minutos.”   

7. Becky G – Esquemas (Kemosable Records/RCA Records)

“A estreia de ‘Esquemas’ marca um momento de formação para a pop-star de origem México-Americana, cujo os fãs conheceram como uma jovem e aspirante rapper em 2013.  Becky mantém sua posição ao lado de pesos pesados como Karol G no hit ‘MAMIII’, o que habilmente combina as raízes musicais das duas mulheres (Becky no mariachi, Karol no reggaeton), e ‘Fulanito’, que toma emprestado os versos intoxicantes de dominicano, El Alta. Ainda, cuidadosamente trabalha a narrativa da liberdade pessoal com partes otimistas e autoconfiantes, no topo de melodias pop viciantes com um toque de doo-wop e disco-pop abrindo caminho em várias das faixas bilingues. O álbum é lido como um retrato da evolução da uma artista ao finalmente desencadear tudo pelo que ela tem lutado durante toda a sua carreira musical.

6. Adrian Quesada – Boleros Psicodélicos (ATO Records)

“Quando artistas ambiciosos se aventuram a regravar hits clássicos, pode ser um pouco decepcionante, mas Quesada – celebrado por seu trabalho com o Black Pumas e o Grupo Fantasma – definitivamente reimagina a textura marcante dos boleros rock-psicodélicos dos anos 60. O álbum de 12 faixas revisita a era dourada dos boleros clássicos, quando Cuba e Porto-Rico eram os maiores importadores de baladas dramáticas e super sentimentais. Atos como Los Pasteles Verdes, um grupo mexicano dos anos 1970 exemplificam a sonoridade: efervescentes teclas elétricas, cordas de cravo e canto operístico. Uma gravação instrumentalmente rica, ‘Boleros Psicodélicos’ honra Los Pasteles e outros favoritos culturais, mas com um toque moderno; adicionando toneladas de reverb, um órgão elétrico e sons ensurdecedores e distorcidos de um mellotron, que arranjam o cenário para o artista indie latino entregar seus vastos vocais.”

5. Rauw Alejandro – Saturno (Sony Music Latin)

“A sonoridade digital e os visuais extraterrestres de ‘Saturno’ oferecem aos ouvintes um vislumbre do status experimental que envolve a arte de Alejandro. Apesar de o projeto por si só ser classificado como reggaeton, o panorama geral é pesado em camadas – às vezes, de batidas flashy dance-punk com cordéis de um hip-hop cru de forma que desenha comparações com o ritmo neoperreo, que se espalhou no começo dos anos 2000. O lead-single, ‘Punto 40’ com Baby Rasta é um cover do hit reggaeton de 98, que coloca uma rodada fresca em uma sonoridade old-school guiada por sintetizadores e baixos expandidos.”

4. Feid – Feliz Cumpleaños Ferxxo Te Pirateados El Álbum (Universal Music Latin)

“Feid vem consistentemente lançando gravações pela maior parte dos últimos quatro anos e, depois de liberar diversos hit-singles este ano, este robusto set de reggaeton solidifica o colombiano como um artista único. O início do álbum culmina em um par de faixas infusionadas no EDM, ‘Belixe’ e ‘Nieve’, onde o nativo de Medellín demonstra suas rimas elásticas em cima de sonoridades radiantes, criando uma combinação viciante de electro-reggaeton. Suas camadas de harmonia e o flow silábico brilham na percussão de ‘Quemando Callorías’, onde ele encontra formas emocionantes de combinar uma paleta nostálgica de bateria e batidas ambientes. A única colaboração do projeto vem do rapper porto-riquenho, Yandel, sem necessidade de nenhum convidado adicional. Feid brilha na entrega de seu sexto álbum, tornando quase impossível não clicar no replay ao final das 15 canções.”

3. Omar Apollo – Ivory (Warner Records)

“A fossa ama companhia. O lirismo melancólico derramado sobre o álbum de estreia de Apollo leva os fãs a compartilhar suas próprias histórias sobre corações-quebrados através do TikTok ante a confessional ‘Evergreen (You Didn’t Deserve Me At All)’. Mas ‘Ivory’ é longe de uma exibição down-tempo. O cantor nascido em Indiana demonstra seu escopo tremendamente expressivo em diversas faixas como ‘En El Olvido’, o que poderia levar a uma dissertação inteira por si própria enquanto Apollo aborda habilmente as complexidades das rancheras nostálgicas, um gênero mexicano liderado por mariachis, melhor usado para transmitir histórias tristes de amor. A voz do cantor é levada a outra ressonância em músicas como ‘Killing Me’ e ‘Tamagotchi’ […], sobre as batidas produzidas por Pharrell Williams e Chad Hugo.”

2. Eslabón Armado – Nostalgia (DEL Records)

“As ilusões e desilusões de amor e corações-quebrados lidos como um fluxo de consciência do quinto álbum de Eslabón Armado. ‘Nostalgia’ encontra seu caminho em baladas por excelência como ‘Hasta La Muerte’, tingido com confissões entre dedilhados de fogo de guitarra, que fazem jus ao seu nome em outros momentos. ‘Mente En Alto’ e ‘La Perrie’ se apoiam nas tradicionais cordas de corrido e são carregados com declarações humildes de que requer muito trabalho e sacrifício para ser bem-sucedido. […] O álbum rapidamente se tornou um líder do quarteto méxico-americano, levando-os ao Top 10 da Billboard 200 em 2022”.

1. Bad Bunny – Un Verano Sin Ti (Rimas Entertainment)

“Entre o mambo, o reggaeton e batidas benbow, ‘Un Verano Sin Ti’ pode ser lido como uma carta de amor à ilha de Porto Rico, abordando questões como o deslocamento pelo local e a falta de energia generalizada em ‘El Apagón’, enquanto pinta um retrato do que significa ser uma mulher caribenha em ‘Andrea’. Para além das declarações furiosas, o apelo universal do trabalho o levou a quebrar diversos recordes e a obter vitórias históricas. Fez história como o primeiro álbum inteiramente em língua espanhola a ser indicado na categoria de Álbum do Ano no Grammy, tendo sido também o álbum que passou mais tempo no topo da Billboard 200 durante o ano. As 23 canções de ‘Un Verano Sin Ti’ serão, para sempre, sinônimo do verão de 2022 e, para aqueles sortudos o bastante de ter experienciado a gravação do especial ‘Bad Bunny World’s Hottest Tour’ (que alcançou o faturamento de 269 milhões de dólares com 1.3 milhões de ingressos vendidos) e as memórias de Benito sobrevoando multidões enquanto amarrado em uma palmeira animada terá o direito de se gabar por tempo ilimitado”.

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