Devido a problemas técnicos não postamos ontem o nosso habitual filme diário, dando sequencia aqui estamos apresentando essa autentica comedia “holliudiana” legendada em cearensês.
Cine Holliúdy
Direção: Halder Gomes
Elenco: Edmilson Filho, Miriam Feeland, Roberto Bomtempo, Fiorella Mattheis, Marcondes Falcão, Rainer Cadete, Marcio Greyck, Joel Gomes, Jesuíta Barbosa e Karla Karenina.
Sinopse: Baseado no curta-metragem Cine Holiúdy – O Astista Contra o Caba do Mal, Cine Holliúdy conta a história de Francisgleydisson, um típico cearense do interior que tenta manter aberta sua sala de cinema, a grande paixão de sua vida, lutando contra a chegada da TV, em plenos anos 70. Na tentativa de realizar seu sonho, ele e sua família se mudam para Pacatuba, um pequeno município com uma exótica plateia que esperava ansiosamente por um cinema na cidade.
Opinião: Pense num cabra que enfrentou sozinho a televisão sem arregar com nada! Cabra vivedor e imaginador de muitas histórias, sua dedicada esposa “Graciosa”, na realidade a Maria das Graças, o filho com idade de uns oito anos, Francisgleydisson Júnior, admirador embasbacado do pai e um sagui – o “montanha”, ‘afilhado do king-kong’, pequeno macaco que no nordeste brasileiro é conhecido por “soin”. É a família que atravessa as estradas dos interiores cearenses a bordo de “Vanderléa”, uma caminhonete Chevrolet amarela. Francisgleydisson ama o cinema. E ama as artes marciais. Tem velhas latas com rolos de fitas cinematográficas e por isso quer abrir uma casa de espetáculos. Para isso agora segue na velha caminhonete com a família saindo de Senador Pompeu, sertão do Ceará, no rumo de Pacatuba, microrregião de Fortaleza.
Cine Holliúdy é uma tentativa deveras pretensiosa de ser um Cinema Paradiso(1988) do Ceará. Halder Gomes buscou mais do que inspiração para seu longa na obra prima de Giuseppe Tornatore. É nítido que os protagonistas Francisgleydisson e Salvatore (Jacques Perrin) possuem o amor incondicional pelo cinema e a persistência como principais atributos comuns. Além disso, a cena da primeira sessão do cinema de Pacatuba assemelha-se às cenas das sessões no Cinema Paradiso, com personagens divertidos com características marcantes.
Quem assistiu ao curta que originou o filme, Cine Holiúdy – O Astista Contra o Caba do Mal, pôde perceber que ambos são bem parecidos e possuem até falas repetidas vindas dos mesmos personagens na cena citada anteriormente. Gomes poderia ter tido mais originalidade ao escrever o roteiro de Cine Holliúdy e aproveitá-lo melhor. A cena que mais se destaca na trama, que é bem mais prolongada do que no curta, é quando ocorre um problema técnico com o projetor e Francisgleydisson precisa improvisar para contornar a situação, transformando a sessão de cinema em um verdadeiro stand-up kung fu.
Com muitos momentos divertidos, o primeiro filme nacional falado em ‘cearensês’ – com direito a legenda – trás os aspectos hilários da cultura cearense. Recheado de esteriotipos do nordeste brasileiro, como o enfezado cego Isaías interpretado pelo humorista Falcão, que vai ao cinema acreditando ter ido assistir a um filme pornô e Lhé Gué Lhé, vivido pelo humorista João Netto, um bêbado que faz de tudo para conseguir beber de graça, o “meio doido” repetitivo, a “ispilicute” mulher do prefeito, a “paludagem” dos dois policiais e a cumplicidade afetiva da família protagonista do filme. Esse clássico cearense merece um “cadim” de sua atenção!