Tentava disfarçar, mas o medo que eu estava sentindo dessa lançamento era grande. Será que vem mais um álbum no estilo The Blessed Madonna? Será que “Chromatica” vai virar um circo e nós seremos os palhaços? Tudo isso se passava na minha cabeça, mas, graças a Deus – ou à Lady Gaga, a deusa – o “Dawn Of Chromatica” superou – e muito – as minhas expectativas.
Como um clássico álbum de remix, o projeto não foi feito para ser mainstream ou agradar à grande maioria dos fãs de música pop. Mas, em seu terceiro trabalho de remixes, a cantora decidiu seguir um caminho diferente e contrariar um pouco o que eu acabei de falar. Diferente dos seus outros álbuns do gênero, Gaga escolheu trabalhar com artistas da atualidade e de diversos segmentos musicais, abrindo um espacinho até para o forró, no melhor estilo “Batidão Tropical”.
Nomes famosos do “panelaço”, como Arca e Charli XCX, também marcaram presença no “Dawn Of Chromatica” e, assim como todo o projeto, surpreenderam DEMAIS! Eu estava esperando, pelo menos nessas duas faixas, uma batida mais diferentona e metálica, super underground e nada como o meu gosto pessoal. Ok, rolou muito som underground, mas de uma forma positiva e nada ridículo ou brega.
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“Fun Tonight“, uma das minhas favoritas na versão normal, ganhou um forrozão e vocais de Pabllo Vittar; “Free Woman“, uma música maravilhosa mas que havia saturado para mim, voltou com tudo ao meu Spotify, agora com Rina Sawayama; “Rain On Me“, meu maior medo, ficou belíssima; o que já era bom, ficou melhor em “Replay“, com vocais de Dorian Electra e, para finalizar meu top 5, “Sour Candy“, aquela faixa que nunca morre, mas agora em uma versão incrível com Shygirl.
Alice – LSDXOXO Remix
Sem as ótimas introduções, o álbum começa direto em “Alice” e, diferente da versão original, que traz uma batida marcante e super dançante, o remix ganhou uma vibe retrô. Lembrando a era “The Fame” e até algumas músicas do “Blackout”, de Britney Spears, a nova versão não faz jus a essa comparação e acaba ficando apagada no meio das outras faixas.
Stupid Love – COUCOU CHLOE Remix
O lead single do “Chromatica” ganhou uma versão morna no álbum de remixes. Sem o instrumental contagiante e repetindo milhares de vezes o mesmo verso, “Stupid Love” não me animou como deveria. Em um certo ponto, entre 1:16 e 1:34, quando a música “volta” ao original e logo é cortada pelo remix em seu momento de explosão, me dá uma decepção… faltou vida, infelizmente.
Rain On Me (with Ariana Grande) – Arca Remix
Minha maior surpresa, sem dúvidas! Primeiro eu quero elogiar a Arca por não ter estragado um dos maiores hinos da Lady Gaga. Mesmo com um pouco de panelaço e uma pegada meio hyperpop, a essência da música foi mantida e enaltecida. Eu estou apaixonado pelos vocais da Ariana Grande, ficaram tão angelicais, é uma delícia escuta-los. Não se parece com a grande maioria dos remixes, feitos para a pista de dança. Esse lembra algo mais elegante e divino, sendo muito cantado na maioria das vezes.
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Free Woman – Rina Sawayama & Clarence Clarity Remix
“Free Woman” já possui um poder próprio em sua versão original, mas o que já era bom conseguiu ficar ainda melhor. Eu não duvidava da capacidade da Rina Sawayama, mas não imaginava que ela daria o nome real e faria o remix se tornar melhor que a versão lançada oficialmente. Os vocais estão lindos e super combinando, além dos versos cantados pela nipo-britânica serem poderosos. A nova versão se tornou um verdadeiro hino de empoderamento feminino, com duas mulheres fodas mostrando ao mundo o quão fortes e donas de si elas são.
Fun Tonight – Pabllo Vittar Remix
Lady Gaga no forró, oficialmente, eu não esperava ver NUNCA! Pabllo Vittar sempre foi ótima em misturar ritmos brasileiros e fazer um som mais regional se tornar popular em outros lugares. E foi isso que ela fez com “Fun Tonight“, maravilhosamente bem. Esperava um verso solo inédito, mas amei ela cantando as partes já conhecidas da música, além de dividir os vocais com a rainha em alguns momentos. Fiquei a música toma sentindo que ela soltaria, a qualquer momento, uma frase do tipo: “é Vittar mainha“. Batidão contagiante, coisa que brasileiro sabe fazer muito bem, principalmente na reta final. Único ponto negativo, infelizmente, é a duração super curta da música.
911 – Charli XCX & A. G. Cook Remix
A nova versão de “911” ficou muito boa, manteve o ritmo do refrão, mas não é das melhores. Rola um panelaço e umas vozes robóticas e enlatadas, mas super se encaixam com o remix. O último verso da Charli XCX é maravilhoso, com um vozeirão poderoso. Ponto alto de toda a faixa.
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Plastic Doll – Ashnikko Remix
Talvez a música que eu menos goste na versão original e Ashnikko fez questão de salva-la. Já começa com um ótimo verso inédito e logo corta para o pré-refrão original, que é minha parte favorita na outra versão. O refrão, que sempre foi irritante de ouvir, ganha vocais da cantora, repetindo tudo o que Gaga fala, de uma forma divertida e muito gostosa de se escutar. Outro ponto maravilhoso desse remix, novamente, está no pré-refrão, em sua segunda vez, cantado por ambas juntas. Ficou muito legal, deu um super up para “Plastic Doll“, fazendo-a sair das piores para as melhores do “Chromatica”
Sour Candy (with BLACKPINK) – Shygirl & Mura Masa Remix
Uma música tão boa como essa e com tantas pessoas participando juntas, tinha tudo para dar errado. E não deu! Primeiro que eu preciso comentar que fiquei muito feliz deles manterem o verso da Rosé no remix. Segundo, eu preciso elogiar os vocais da Shygirl, que não conhecia e estou apaixonado. Seus versos são lindos e casam muito bem com os vocais da Lady Gaga. “Sour Candy” sempre teve uma estética diferente de outros trabalhos da cantora e o remix consegue levar isso para outro nível, sem deixar podre, caricato ou forçado. Uma ótima versão, que chegou apenas para somar à original.
Enigma – DOSS Remix
Já começo avisando que não sou muito fã da versão original dessa música. Como a outra, o remix não é nada de mais. Com uma batida genérica, ótima para aquela hora em que toda a balada já está alta com a bebida e nem consegue distinguir direito o que está tocando. Diferente de “Plastic Doll”, “Enigma” não teve salvação.
Replay – Dorian Electra Remix
Só a batida diferente já estava ótima, mas quando Dorian Electra entra com seus vocais, a música se torna uma das melhores faixas do álbum. Com uma estética industrial, o remix só prova que Lady Gaga precisa fazer um álbum de rock urgente. Obviamente, a música também ganhou seus elementos eletrônicos e alternativos, os famosos panelaços, mas novamente, de uma forma muito boa. Ainda encantado, viciado e preso no verso de Dorian.
Sine From Above (with Elton John) – Chester Lockhart, Mood Killer & Lil Texas Remix
Programa do Ratinho? Bom… por onde começar? Essa versão não ficou ruim por completo, mas preciso confessar que está bem esquisita. O início é interessante e até a batida pós-refrão ficou legal, em partes. Porém, mais para o final, começaram a colocar vários – talvez todos – elementos aleatórios, sem o menor sentido. Parece que deixaram o editor aberto e uma criança passou por lá e mexeu em tudo. Talvez, com quase 100% de certeza, “Sine From Above” é a pior do álbum.
1000 Doves – Planningtorock Remix
Para bater de frente com a anterior e brigarem pelo título de pior remix, ela, “1000 Doves“. Essa é uma das faixas que mais curto do “Chromatica”, mas o seu remix ficou podre, irritante e cansativo. Não sei o que aconteceu, se era preguiça ou se na cabeça deles isso realmente estava bom, porque são mais de cinco minutos repetindo a mesma coisa, basicamente.
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Babylon – Bree Runway & Jimmy Edgar Remix
Entre os remixes de “Babylon“, esse é o melhor, mas não chega nem perto da perfeição que é sua versão original. O verso da Bree Runway é ótimo, super combina com a música e com a Lady Gaga. O problema é que a outra versão tem uma batida mais contagiante, vogue e poderosa, que se perdeu no remix.
Babylon – Haus Labs Version
A queridinha dos little monsters nunca me agradou e sigo firme na minha ideia. Fraquíssima. Não é ruim, longe de ser, mas consegue ser mais sem vida e emoção que a anterior. A batida não é nada marcante e parece que a música segue em uma linha reta até o fim, sem pontos altos e baixos.