Resenha: Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez

Olá queridos leitores!

Conforme explicado aqui, o Portal Famosos Brasil aceitou o desafio de literatura do tio Mark Zuckerberg de ler um livro a cada duas semanas. E, nesta semana, trouxemos para você a obra “Memória de Minhas Putas Tristes” de Gabriel García Márquez. Abaixo você confere a sinopse e a nossa opinião do livro.

Sinopse: No ano em que completa os seus noventa anos, o autor-narrador destas memórias decide se presentear com uma noite de amor com uma adolescente virgem. E é assim, sem rodeios, que Gabriel García Márquez apresenta a história do velho jornalista que escolhe a luxúria para provar a si mesmo, e ao mundo, que ainda está vivo. ‘Memória de Minhas Putas Tristes’ desfia as lembranças de vida desse solitário personagem. Apresenta ao leitor as aventuras sexuais deste senhor, que vai viver cerca de cem anos de solidão embotado e embrutecido, escrevendo crônicas e resenhas maçantes para um jornal provinciano, dando aulas de gramática para alunos tão sem horizontes quanto ele, e, acima de tudo, perambulando de bordel em bordel, dormindo com mulheres descartáveis.

Opinião: Não é segredo pra ninguém: a velhice é um risco que todos corremos. Não, a gente não decidiu fazer um artigo pra te ensinar como envelhecer bem ou aproveitar melhor seus anos de juventude – longe da gente essa presunção toda. Nosso objetivo é mais simples: prestar uma homenagem a um dos maiores escritores latino-americana da atualidade e de todos os tempos, por que não.

Pra quem gosta da linda Lolita de Nabokov, Memórias de minhas putas tristes é um deleite. Admirar  obras que tratam temas chocantes com uma simplicidade incômoda. Identifico-me de verdade com isso.

123O livro nos leva de volta para a velha Colômbia: há um tempo onde o tempo parecia não passar. E é neste ambiente que somos apresentados à estória de um velho que se apaixona por uma jovem que não faz nada além de dormir.  Literalmente. Talvez o fato de a pequena Delgadina sempre estar dormindo é o que torna este romance tão especial. Não lemos uma fala ou reação sequer da moça “voluntária”, mas ainda assim, compactuamos com os delírios da sua primeira paixão verdadeira, aos 90 anos de idade. Marquez vai além do amor de um velho por uma ninfeta (como retratado em Lolita e em muitas outras obras a partir de então): o ponto principal é o “sentir amor” de uma pessoa.

O inominado personagem central do livro, um aposentado que mantém uma coluna semanal no Diário de la Paz, onde escreve críticas musicais, passou sua vida cercado de putas e cabarés e nunca dormiu com uma mulher sem pagar. A única esperança de mudar essa trajetória viria de Ximena, noiva abandonada diante da perspectiva do casamento. Mas é só por Delgadina, a bela adormecida, que o ancião percebe o amor e mesmo age como um típico adolescente descontrolado ao quebrar o quarto do bordel, quando supõe que a jovem deitara-se com outro para escapar de uma batida policial.

Ao apaixonar-se pela menina, o personagem central, que levou a vida sem grandes aspirações, revela toda a sua ternura e descobre que guardou o melhor para o final. Procura nos conselhos de sua mais bela e fiel prostituta o rumo que deve dar ao final de sua vida, em parte pelo medo do ridículo que esse amor lhe expõe, em parte, talvez, pelo receio de não ser correspondido. E é esse contraste na idade de um e de outro que dá ao escritor a oportunidade de contar uma história simples de forma tão terna.

Seus encontros com a ninfeta ainda guarda a marca dos contos de fadas, onde a bela adormecida deixa-nos transparecer que, em seus sonhos, também se apaixona pelo homem que só viu enquanto dormia.

O que aprendi: Todo amor é ilusão. Essa é a premissa de Marquez nesse livro em que um velho de 90 anos se apaixona perdidamente pela primeira vez. Mas bem maior do que a paixão pela ninfeta que ele admira todas as noites, é o sentimento pela própria paixão.

Sensivelmente, o autor não tenta vender uma fórmula barata e nem agride o leitor (e o personagem) com peripécias ridículas e humilhantes. Ao contrário, nos é mostrado a alegria ao descobrir uma paixão e redescobrir várias outras.O personagem retrata, na maior parte do livro, a doçura do amor próprio e encara essa oportunidade como uma nova aventura, sem tecer julgamentos moralistas sobre sua postura passada – não se deve enfim desprezar aqueles vivem por amor, assim como aqueles que viveram sem ele.

Embora haja moral no livro, não espere uma leitura psicológica como Lolita ou determinante como tantos outros do mesmo gênero. Aqui, a única coisa que importa é o lirismo, a apresentação em si. Não pense que o livro é enfadonho ou pretensioso, ninguém foge mais disso do que García Marquez. A leitura é rápida e prazerosa, perfeita para uma tarde de domingo.

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