Beyoncé sabe como fazer o mundo só falar dela.
E como.
Dois dias atrás, na surdina da noite, ela retornou com um single novo. Bem aos moldes do lançamento de seu chamativo álbum visual BEYONCÉ (2013): de surpresa, presando unicamente o impacto e sem maiores explicações. E, depois de dois anos inteiros desgastando o último disco e inclusive amando, odiando, amando de novo, odiando com todas as forças e, por fim, decidindo amar sem restrições 7/11, ficamos felizes em constatar que, seja pelo timing perfeito ou pela militância lírica escancarada, Formation, título da nova faixa, é diferente de tudo que podíamos esperar de mais um antecipado comeback da Mrs. Carter.
Este é um momento oportuno para discutir “assuntos negros” e, para quem passou 2015 engolindo à força os assassinatos injustificados de jovens periféricos nos Estados Unidos pela polícia branca e armada, a falta de protagonização de mulheres negras nas premiações musicais relevantes, ou racismo em qualquer outra instância, seja velado ou explicitamente violento, a nova música de Beyoncé pode ser seu jam favorito por ainda muito tempo.
E, é claro, é impossível falar dela sem dar atenção especial ao videoclipe. Que saiu junto com a música e a ilustra perfeitamente bem, sem tirar nem pôr.
“I might get your song played on the radio station”
Abusando do swag e das gírias de internet (slay) temos um cerco policial oprimindo, ideologicamente, a cultura afro, Beyoncé de Sinhá norte-americana sulista do século XIX – mas numa Casa Grande, perceba-se, composta unicamente por negros – Blue Ivy, a filha fofuxa da performer, mostrando que cabelo crespo é sim bonito e algo de que se ter orgulho, e de cereja no bolo, ainda muita coreografia. Afinal, é um clipe pop, e além da questão social precisamos de uma boa jogada de cabelo. Algo que, inegavelmente, ninguém faz tão bem quanto Queen B.
Depois deste clipe, temos certeza que Beyoncé pode usar qualquer tipo de cabelo, seja curto, longo, liso, cacheado, trançado ou black, e destruirá nossa auto-estima com qualquer que seja o look escolhido.
Formation é, em suma, o que a comunidade negra, em especial suas mulheres, precisavam neste momento: uma dose considerável de empoderamento e representatividade. Num mundo que, infelizmente, terminologias como “vitimismo” e “mimimi” ganham cada dia mais força na voz fanha dos ignorantes e racistas.
“I just might be a Black Bill Gates in the making”
Eles querendo ou não, Beyoncé enterrou de uma vez por todas todos os comentários mal-intencionados relacionados à filha, sua suposta renegação de etnia e seu “falso” ativismo. E, se quotes como “sempre continue graciosa; a melhor vingança é o seu diploma” não significam nada para vocês, então não sabemos o que é uma negra orgulhosa, (in)formada e consciente.
#BlackLivesMatter, e esta é uma mensagem que merece ser ouvida e dançada.