Dois anos após encarar uma série de acusações de abuso sexual, que acabaram por enterrar sua carreira como ator, Armie Hammer começou a contar seu lado da história.
Em uma nova entrevista publicada neste sábado, 04, ele revelou que contemplou a ideia de suicídio depois de sua “queda” e afirma que sofreu abuso sexual infantil, cometido por um pastor.
O ator, que foi investigado após ser acusado de estupro, negou todas as alegações criminais, mas admitiu ser emocionalmente abusivo com parceiras que conheceu na internet.
Na época, além da acusação de estupro, o que mais chamou a atenção das redes sociais, foram os fetiches com canibalismo, revelados através de prints de mensagens de texto do ator. Atualmente, ele credita o que chama de “interesse em práticas de origem BDSM” ao abuso sexual que diz ter sofrido aos 13 anos, praticado por um pastor jovem.
“O que isso causou para mim foi introduzir a sexualidade de uma forma totalmente fora do meu controle.”, Hammer comentou. “Eu não tinha poder nesta situação. […] A sexualidade foi introduzida para mim de um jeito assustador, onde eu não tinha controle. Meus interesses então foram para: ‘eu quero ter controle nesta situação, sexualmente’”.
As informações são da newsletter Air Mail, para quem Hammer aceitou falar sobre os acontecimentos pela primeira vez, queinforma que o ator contou a duas pessoas sobre o abuso infantil e diz ter colaborado a versão da história com a madrinha dele, uma de suas pessoas mais próximas.
Em 2021, ele foi acusado de abuso sexual e comportamento inapropriado por diversas mulheres, o que o colocou no centro de um escândalo de grandes proporções até mesmo para Hollywood.
Logo, Armie Hammer, que havia acabado de atuar no indicado ao Oscar, ‘Call Me By Your Name’ ao lado de Timothée Chalamet, foi demitido de sua agência e de projetos para os quais já estava confirmado, como o filme ‘Shotgun Wedding’, com Jennifer Lopez, que acaba de ser lançado no Amazon Prime com o ator Josh Duhamel no papel do protagonista masculino.
Durante os últimos dois anos, o ator esteve trabalhando em um hotel nas Ilhas Cayman e passou o tempo em uma clínica de reabilitação.
Em 2021, o Discovery+ lançou o documentário, ‘House of Hammer’, atualmente disponível na HBO Max, que investigou seu comportamento e a forma como foi um dos poucos casos de homens acusados de abuso sexual, realmente, descartados por Hollywood.
Além do abuso infantil, Armie Hammer também comentou através da newsletter, que contemplou a possibilidade de suicídio enquanto via sua vida pessoal e carreira desabarem:
“Eu apenas entrei no oceano e nadei para o mais longe que poderia e esperei que afogasse ou fosse atingido por um barco ou comido por um tubarão.”, conta se referindo ao tempo nas Ilhas Cayman. “Então eu lembrei que meus filhos ainda estavam na praia e não poderia fazer isso com eles”.
O ator foi casado com a apresentadora, Elizabeth Chambers, por dez anos e a separação foi anunciada antes das denúncias sobre seu comportamento chegarem ao público. Juntos, eles têm dois filhos.
Na nova entrevista, Hammer adentra em diversos detalhes sobre as alegações contra ele, minimizando a natureza das acusações e pintando um retrato diferente do que foi feito pelas vítimas.
A alegação mais danosa contra o ator, na época, foi feita por uma mulher nomeada Effie, que o acusou de “estuprá-la violentamente”, o que levou à uma investigação conduzida pela Polícia de Los Angeles. Effie é a mulher por trás da conta de Instagram chamada, ‘House of Effie’, através da qual fez os primeiros posts acusatórios sobre Hammer, em 2021, que ganharam cobertura midiática massiva.
Apesar disso, ele comenta apenas sobre seus relacionamentos com duas das alegadas vítimas, Courtney Vucekovich e Paige Lorenze, admitindo que “as dinâmicas de poder estavam desligadas”, mas que foi “um milhão porcento” emocionalmente abusivo com ambas.
“Eu teria essas jovens mulheres em seus 20 e poucos anos e eu estaria em meus 30 e poucos. Eu era um ator de sucesso na época. Elas poderiam ficar felizes por apenas estar comigo e iriam dizer ‘sim’ para coisas que, talvez, não teriam dito por conta própria [em outro momento, com outra pessoa]. Este é um desequilíbrio de poder nesta situação”.
Hammer nega expressamente as acusações criminais, apesar de concordar que tenha sido um “babaca” com as pessoas ao seu redor:
“Eu estou aqui para lidar com meus erros, tomar responsabilidade pelo fato de que eu era um babaca, de que eu era egoísta, de que eu usava pessoas para me fazer sentir melhor e, quando terminava, seguia em frente. Agora, sou uma pessoa mais saudável, feliz e equilibrada. Sou capaz de estar presente para os meus filhos de uma forma que nunca estive… Sou realmente grato pela minha vida e minha recuperação e tudo o mais. Eu não vou voltar e desfazer tudo o que aconteceu comigo”.
O ator comentou que está trabalhando, no momento, como companheiro sóbrio para um colega em reabilitação, auxiliando-o em uma rotina saudável e aproveitou a oportunidade para confirmar que recebeu ajuda de Robert Downey Jr. durante o escândalo e, depois, no período de reabilitação.
Anteriormente, a Vanity Fair havia noticiado que o ator de ‘Homem de Ferro’ havia pagado pelo tratamento de Armie Hammer e que, também, concedeu a ele alguma assistência financeira e organizou um lugar para que morasse.
“Existem exemplos de todos os lugares, Robert sendo um deles, de pessoas que passaram por essas coisas e encontraram redenção através de um novo caminho. E sinto que isso é o que falta nessa cultura de cancelamento”, diz Hammer.
Por fim, ele termina refletindo sobre a cultura do cancelamento em uma mensagem bem enigmática, para dizer o mínimo:
“No minuto em que qualquer um faz alguma coisa de errado, eles o jogam fora. Não há chance de reabilitação. Quando eles jogam alguém como eu no fogo para proteger a si mesmos… Tudo o que eles fazem é deixar a fogueira maior. E agora este fogo está fora de controle e irá queimar todo mundo”.