“Na periferia futebol é uma parada muito importante”: Djonga defende retomada da camisa amarela da seleção brasileira

Com o início da Copa do Mundo, que tem lugar no Qatar em 2022, muito foi questionado sobre a utilização da camiseta amarela da seleção brasileira após quatro anos de apropriação de seu uso por apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro

Apesar de ainda ser utilizada por manifestantes, que contestam o resultado das eleições do Brasil, em atos antidemocráticos, por conta da Copa e da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, uma parcela da esquerda nas redes passou a defender a retomada dos símbolos que são de todos os brasileiros, tanto as cores verde e amarelo, quanto as camisetas. 

O podcast ‘Na Raça’, apresentado por Bianca Santos, André Hernan, Elton de Castro e Marcelo de Carvalho, do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, debatem sobre o tema e apontam que, para pessoas da periferia, a camisa amarela nunca deixou de ser a “representação de um sonho”.

Ainda, afirmam que quem mais incomoda com a apropriação do objeto como símbolo de uma corrente política ligada à extrema direita, é a classe média. O rapper Djonga, um dos maiores nomes do rap nacional, pensa no mesmo sentido. 

Em vídeo compartilhado por Bianca Santos, ele comenta sobre a camisa amarela da seleção brasileira servir como um símbolo de vitória, uma possibilidade para meninos e meninas saírem da periferia e mudarem de vida, pois o futebol, em um país socialmente desigual como o Brasil, possui um caráter educativo e financeiro para essas pessoas.  Além disso, diversos jogadores da seleção brasileira são de origem periférica, como o próprio Neymar. Confira a fala na íntegra: 

“Bagulho é o seguinte, mano: a camisa do Brasil foi apropriada, como vários símbolos que foram apropriados pela Direita, pela Extrema Direita, como se fosse uma parada deles, tá ligado?

E a camisa do Brasil é um símbolo para muitas pessoas. Eu sei que tem muita galera que não curte por causa de parada de simbolismo, que muitas coisas não combinam exatamente com a nossa luta…

Porém, mané, na periferia futebol, esporte, é uma parada muito importante, tá ligado? E pra periferia a camisa da seleção significa vitória, significa exemplo, significa os “jogadores pretão” que vestiram essa camisa e que trouxeram a gente até onde a gente [chegou] no futebol, tá ligado?

Então assim, por isso que essa camisa nunca saiu da periferia, por isso que ela nunca vai sair e por isso que você pode se apropriar de qualquer parada, mas o que é da favela é da favela, o que é dos pretos é dos pretos, já era”. 

Para além de Djonga, que em Abril deste ano fez um show no Mineirão (Belo Horizonte) utilizando a camisa da seleção, Anitta utilizou as cores verde e amarelo em seu figurino no show do Coachella, no mesmo mês, evocando a brasilidade inerente às suas origens, assim como Ludmilla, que também vestiu a camisa em seu show histórico do Rock in Rio, em Setembro. 

Reprodução/Instagram

Segundo o podcast, números apontam que mais pessoas consideram adquirir a camisa azul da seleção invés da tradicional canarinho. São 3 camisas azuis por 10 amarelas, enquanto antes de 2018, se vendia 1 camisa azul por 10 amarelas. Ouça o episódio completo:

https://open.spotify.com/episode/4XTAfYOzNw6LJCnlR8cCef?si=d04c220907294881

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