Depois de meses de especulação e uma busca incessante por easter-eggs em cada recanto das redes sociais de Taylor Swift, seu décimo álbum, ‘Midnights, finalmente foi lançado.
O projeto marca um certo retorno da cantora, que se aventurou em sonoridades novas e um estilo mais ficcional de escrita em seus dois últimos álbuns, o ‘Folklore’ e o ‘Evermore’, aos temas mais pessoais através de de um “dream-pop” mais sensível.
O álbum, de apenas 13 faixas, complementado pelo ‘3AM Edition’, que conta com mais sete canções, volta a desvendar camadas do cérebro “enigmático e maquiavélico” – para usar suas próprias palavras -, pois com Taylor Swift nada é tão simples quanto parece. Confira:
É Senhorita Swift
O álbum já inicia deixando claro que Taylor Swift e Joe Alwyn, seu namorado há anos, estiveram atentos aos rumores e questionamentos sobre estarem casados ou, no mínimo, noivos – e não é da conta de ninguém, para deixar claro.
Em ‘Lavender Haze’, ela canta que “eles” querem dela “a merda dos anos 1950”. Se isso não está claro o suficiente, algumas linhas depois Taylor diz “Todos eles ficam me perguntando / Se eu serei sua noiva / O único tipo de garota que eles veem / É a de uma noite ou a esposa”. Em momento algum é respondido na música se eles irão, não irão ou estão noivos e este é um dos pontos da faixa em que a cantora agradece ao namorado por ter ficado ao seu lado, mesmo em meio a tantas turbulências.
Taylor apenas quer viver sob a “névoa de lavanda” e o público pode ficar livre para tirar isso do peito e da mesa dela. Está resolvido.
Rainha “enigmática e maquiavélica”
O álbum ‘Midnights’ revisita momentos presumivelmente muito públicos da vida de Taylor, mas ainda assim consegue ser bastante enigmático. Enquanto ‘Anti-Hero’ é sobre suas inseguranças, ‘Snow on the Beach’ sobre se apaixonar ao mesmo tempo em que outra pessoa se apaixona por você e ‘Sweet Nothing’, assim como ‘Lavender Haze’, direciona os fãs mais atentos ao seu relacionamento com Joe Alwyn, canções como ‘Karma’ e ‘Vigilant Shit’ são dois lados de uma mesma “moeda de vingança”: na última a cantora fantasia sobre vingança e na primeira ela sabe que o karma está do seu lado, é seu “namorado”, o que é a maior vingança.
Em álbuns anteriores, Taylor costumava ser bem mais direta sobre os objetos de suas canções, já neste, fala muito mais em metáforas e deixa coisas para a imaginação do ouvinte. Em ‘Mastermind’, ela parece fazer alusão a isso, ao mesmo tempo em que se desculpa: “Esta é a primeira vez que sinto a necessidade de confessar e, eu juro, só sou enigmática e maquiavélica porque me importo”.
Passeio pelo passado
Apesar de ser impossível afirmar, com certeza, sobre em quem ou no quê Taylor Swift estava pensando quando escreveu as canções do álbum, parece que o projeto ressoa com cada um de seus predecessores à sua própria maneira.
Cada música do ‘Midnights’ se encaixaria em um de seus álbuns anteriores. ‘You’re On Your Own, Kid’ faz referência a um amor não correspondido, como em ‘You Belong With Me’ do ‘Fearless’. ‘Sweet Nothing’ poderia pertencer ao ‘Folklore’ ou ao ‘Evermore’, lírica e melodicamente. ‘Karma’ é, claramente, um aceno à era ‘Reputation’, onde, no lead-single potente ‘Look What You Made Me Do’, ela canta “karma é tudo em que eu penso”. Já ‘Maroon’ ressoa como uma versão mais madura da faixa-título, ‘Red’.
É claro, ‘Midnights’ se sustenta por conta própria, mas soa como um passeio pelo passado, ao mesmo tempo, o que casa com a descrição de Taylor sobre o álbum ser sobre treze noites de sua vida, bem como pelas referências visuais que já podem ser vistas no trailer divulgado como prévia dos visuais do projeto.
Vulnerabilidade é força
Voltando aos temas pessoais, em ‘Midnights’ Taylor explora mais vulnerabilidade. Antes de o álbum ser lançado, a cantora havia revelado que ‘Anti-Hero’, primeiro single do álbum, que já conta com videoclipe, é uma de suas canções favoritas pela forma como é honesta nela: “Eu não acho que já adentrei tão fundo em minhas seguranças, neste nível de detalhe, antes”.
“Eu luto com a ideia de que minha vida alcançou um “tamanho” incontrolável e, sem soar tão obscura, luto com a ideia de não me sentir como uma pessoa”, ela complementou no Instagram.
Na faixa, ela adentra todas essas inseguranças sobre o mundo a observando, cantando que se sente como “um monstro numa colina, grande demais para lidar”. Ainda, a cantora descreve um sonho onde sua futura nora a mata por dinheiro e fala sobre como se preocupa com a partida de entes queridos e a forma como é percebida pelas pessoas ao seu redor: “Você ouviu sobre meu narcisismo, que eu disfarço de altruísmo, como algum tipo de congressista?”.
Já em ‘Your On Your Own, Kid’, Taylor faz referências à sua batalha contra o distúrbio de imagem, algo já discutido no documentário ‘Miss Americana’ da Netflix: “Eu dei meu sangue, suor e lágrimas por isso. Eu organizei festas e deixei meu corpo faminto.”.
Além disso, Swift, como mestre de um humor autodepreciativo e em adição à suas tendências enigmáticas e maquiavélicas, canta: “Ninguém queria brincar comigo quando era criança, então, desde sempre, sou intrigante como um criminoso, para fazê-los me amar sem parecer que houve esforço. Essa é a primeira vez que sinto a necessidade de confessar”.
O karma é um gatinho
A fama de Taylor Swift como uma rainha dos gatos permanece intacta. Primeiro, ela convidou a própria Mulher-Gato, Zoë Kravitz, para colaborar na faixa ‘Lavender Haze’, tendo a atriz colaborado na composição e em vocais de apoio. Então, a cantora fez uma referência aos seus amigos felinos na faixa ‘Karma’, onde, num dos versos do refrão, canta “Karma é um gato, ronronando no meu colo porque me ama” para mostrar quão acostumada e confortável com o conceito está após anos na mídia.