Madonna é capa da Vanity Fair em celebração aos nomes que contribuíram para “moldar a cultura moderna”, confira

Nesta semana, como já era esperado, Madonna anunciou a turnê comemorativa de seus 40 anos de carreira, ‘Celebration Tour’, que deve revirar seu extenso catálogo musical e marcar seu retorno aos palcos após a pandemia. 

Em entrevista à revista Vanity Fair, como capa das novas edições da França, Espanha e Itália, a cantora de 64 anos comentou que está criando um novo show, influenciada por diversas ramos do meio artístico: “estou saindo com pessoas criativas, assistindo filmes, vendo arte, ouvindo música”, contou. 

Para além disso, como a capa da publicação tem como tema as pessoas que ajudaram a moldar a cultura moderna, Madonna, um dos maiores atos da música pop mundial – há 40 anos, é bom lembrar – não poderia deixar de impactar novamente. 

Em fotos de Luigi & Iango, a veterana aparece mais uma vez subvertendo símbolos eclesiásticos: vestida de Virgem Maria com um coração apunhalado por espadas ou evocando a imagem de Jesus em uma Última Ceia composta apenas por mulheres, Madonna falou sobre feminismo, sexualidade, diversidade, sua batalha contra o patriarcado e, é claro, religião. 

Questionada sobre como sempre foi atacada e menosprezada pela Igreja Católica, por conta da forma como reinterpretou seus símbolos para servir à sua arte, Madonna foi categórica ao afirmar que foi “uma hipocrisia” da parte deles: “A primeira vez que me senti realmente atacada foi quando fiz a coletiva de imprensa em Roma durante as filmagens de ‘Na Cama com Madonna’. Fui criada como católica, no final do dia. Eu pensei ‘se a Igreja Católica não percebe meu trabalho como uma artista fazendo algo bom, então isso era problema deles e, em extensão, de sua narrativa impensada e inabilidade de ver que qualquer coisa que une as pessoas, que prega a liberdade de expressão e a unidade, é uma boa coisa’ [pois], reflete os ensinamentos de Jesus e do Cristianismo em essência, então eu senti que me atacar era uma hipocrisia deles”. 

Por isso, Madonna não se esquivou de comentar também qual é a sua relação com a religião atualmente, depois de ter crescido em um seio católico e ser rejeitada pela Igreja na idade adulta. Confira na íntegra:

“Eu acho que é importante ter um comportamento ritualístico e uma vida espiritual. Religião sem entendimento, conhecimento, curiosidade e inclusão… Eu não consigo que seja uma religião. Eu não concordo com grupos religiosos que são exclusivos ou extremistas de qualquer forma. Entretanto, eu respeito todas as religiões e encorajo as pessoas a olharem para olharem qualquer que seja o sistema religioso que elas seguem. Para entender e estudar seus livros santos e entender seus sistemas ritualísticos, porque, de outra forma, sem entendimento, são apenas dogmas e regras e um exercício vazio. Minha relação com a religião é que eu me mantenho muito envolvida em minha prática espiritual e acho que é imperativo para todo mundo ter uma prática espiritual – mas eu não irei definir isso para outras pessoas. Eu acho que é vital orar e ter uma conexão com um estilo de vida espiritual, uma força de vida ou como quer que queira chamar. Apenas não existe jeito de sobreviver e passar pela vida sem se conectar com a ideia de que há um poder maior e força de energia – várias forças de energia [no universo]. De que há um mundo metafísico, místico do qual todos nós somos parte e precisamos estar conectados.”

A voz de ‘Like a Prayer’ enfatizou que a ideia de posar como Jesus com discípulas, invés de rodeado por discípulos, partiu dos fotógrafos, Luigi & Iango: “Eu pensei que seria interessante se nós nós virássemos a mesa e Jesus tivesse uma energia feminina e eu fosse rodeada de discípulas. Eu gostei da ideia de brincar com essa contradição, que não é realmente uma contradição”.  

Ainda, questionada sobre o senso de inclusão na referida imagem, evocando até mesmo uma ideia de maternidade e aceitação da diversidade a partir dessa subversão da imagem padrão, Madonna diz que “sentiu que era parte de sua jornada como artista dar voz a outras pessoas”, mas evitou tomar para si o título de ter sido a primeira a fazer isso: “Quando comecei em Nova York, estava rodeada de um grupo diverso de pessoas. As pessoas que me apoiaram eram, em sua maioria, membros da comunidade LGBTQ+ e de diferentes etnias. Esta foi minha rede de apoio, então porque, em retorno, eu não iria apoiá-los e defendê-los?”. 

À publicação, ela reforçou que sempre esteve lutando contra o sistema patriarcal, o que também é utilizado como inspiração metafórica para o ensaio: “É uma batalha contínua, nós vivemos em um mundo patriarcal. Eu estou sempre lutando contra, forçando isso ou sentindo a resistência que vem dele.”

Madonna observa que, se o mundo estivesse avançado, não haveria discussões que seguem por anos a fio sem uma resolução, justamente por conta do sistema que alimenta essa realidade, citando como exemplo a recente decisão que cassou a garantia jurídica do direito ao aborto nos Estados Unidos.

Para além de investigar quem foi afetado por sua influência inegável na música, a cantora é questionada quem a inspira no momento e, em resposta, cita Kendrick Lamar: “Eu gosto de todos os artistas que têm a coragem de contar histórias de verdade, histórias de vulnerabilidade. Sou uma grande fã de Kendrick Lamar. Ele é um artista incrível, sua música é incrível. As palavras que ele usa são poderosas. Ele tem sido capaz de contar a história de gerações que são vítimas de abuso, de drogas, de pais ausentes. É inovador e leve a música a todo um outro nível. Fazendo rap, curando e falando sobre isso ao mesmo tempo e sendo muito verdadeiro… Claramente, eles fez muito exame de consciência, leitura e autoexame. Eu realmente admiro artistas que fazem isso e transformam em algo que conecta com a cultura pop.”

À Vanity Fair, Madonna falou também sobre o significado de usar a imagem da boneca para demonstrar a fragilidade feminina em contraponto à força que demonstra em seus posicionamentos, a admiração por Frida Kahlo e outros temas. Confira a entrevista completa aqui.

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