Em uma entrevista ao podcast “Segue o Som”, Liniker questionou a forma como a indústria e o público definem o que é pop no país, apontando para um direcionamento que historicamente privilegia artistas brancos, com cabelos loiros e grandes números de seguidores. Ela argumentou que essa visão é limitadora e exclui talentos negros, que frequentemente são classificados em subgêneros como “afropop”, uma nomenclatura que, em sua análise, serve para velar o racismo e restringir seu alcance.
A crítica de Liniker ressoa como a trajetória de muitos artistas negros na música brasileira. Enquanto nomes brancos alcançam o topo das paradas e a validação mainstream como “pop”, músicos negros de igual ou maior talento são frequentemente relegados a nichos de mercado. Essa segregação velada, como observado por Liniker, impede que esses artistas recebam o devido reconhecimento, tanto de público quanto de crítica, reforçando um racismo estrutural que existe há décadas no setor.
A artista, que redefine o conceito de pop como uma forma de “popularizar o afeto”, exemplifica a sua própria carreira como prova de que a visão da indústria é equivocada. Liniker, uma mulher travesti e negra, tem conquistado prêmios de grande relevância, como o Grammy Latino e o Prêmio da Música Brasileira, com trabalhos que exploram uma mistura de gêneros, provando que o talento e o sucesso não se limitam a estereótipos raciais.