Com o falecimento da monarca do Reino Unido, a Rainha Elizabeth II, no último dia 8 de Setembro, um histórico reinado de 70 anos chegou ao fim.
Enquanto como Chefe de Estado, foi uma soberana que passou por glórias, dores e controvérsias, Elizabeth também foi também uma monarca diretamente ligada à cultura pop, especialmente durante a ascensão desse conceito no Século 20.
Tendo ascendido ao trono em 1952, Elizabeth II foi alvo de canções afetuosas dos Beatles na década de 1960, mas também foi objeto de canções ácidas dos Sex Pistols e outros grupos de origem punk no auge dos anos 70.
Seja para honrar ou satirizar a realeza britânica, os artistas do Reino Unido nunca conseguiram resistir a invocar em seus trabalhos o rosto representativo da nação. Por isso, aqui estão 5 canções dedicadas ou inspiradas pela Rainha Elizabeth II:
‘Her Majesty’ por The Beatles (1969)
Faixa de apenas 25 segundos que ocupa o álbum ‘Abbey Road’, apesar de sequer ter sido listada na primeira versão do famoso projeto do quarteto de Liverpool – especialmente, por ser uma das canções não finalizadas do álbum -, foi escrita por Paul McCartney, que descreve ‘Sua Majestade’ como “uma garota legal”, que “não parece ter muito a dizer”, mas “muda a cada dia”. Como ele termina dizendo que “um dia, vai torná-la sua” pode ser que seja ironia e o objeto seja apenas uma forma de chamar a atenção. Ainda assim, não deixa de ser 25 segundos de leveza inspirada pela figura da Rainha.
Tanto Paul McCartney quanto Ringo Starr são condecorados Cavaleiros do Império Britânico, detendo o título de ‘Sir’ em razão de seus serviços de relevância prestados à música e à cultura.
‘God Save the Queen’ por The Sex Pistols (1977)
Lançada durante o Jubileu de Prata da Rainha, em 1977, como o segundo single dos Sex Pistols, o projeto revelou que a única pessoa com mais a dizer sobre Elizabeth II do que o vocalista e letrista da banda britânica era o artista Jamie Reid, responsável pela capa do mesmo, que coloca tarjas sobre os olhos e a boca da monarca para formar o título da canção.
Quanto à música em si, o Sex Pistols utiliza guitarras fortes e batidas agressivas combinadas a um amplo e contagiante backing vocal que acompanha o vocalista, Johnny Rotten, ao entoar “Ela não é um ser humano / Não há futuro / No sonho da Inglaterra”. É claro, a Rainha não era a única para quem o compositor direcionou sua raiva, o qual esclareceu que sua crítica sempre foi mais sobre a instituição monárquica em si, do que sobre um membro da realeza em especial.
De qualquer forma, a Família Real censurou a música na BBC e proibiram que o grupo a tocasse em solo britânico, uma vez que comparava o regime que viviam ao fascismo. ‘God Save the Queen’ foi a segunda mais vendida do período e o Sex Pistols deram um jeito de apresentar a faixa em um barco, no Rio Tâmisa, próximo à Abadia de Westminster.
‘The Queen is Dead’ por The Smiths (1986)
Com uma abordagem pós-punk, a banda de Morrissey imagina o potencial declínio da monarquia com as coberturas de uma imprensa fascinada pela Família Real, de um jeito ácido e preciso, diminuindo a importância histórica dos membros da realeza ao cantar “Vossa Excelentíssima Baixeza, com sua cabeça numa forca / Eu realmente sinto muito, mas soa como uma coisa maravilhosa”.
A faixa de seis minutos, que intitula o álbum, o qual passou 22 semanas na lista de mais vendidos do Reino Unido, com pico no segundo lugar, ainda cita o novo Rei Charles III diretamente e não se esquiva ao dizer que o próprio vocalista tem uma certa descendência real, apesar de distante.
‘Rule Nor Reason’ por Billy Bragg (1997)
Um dos maiores compositores britânicos de todos os tempos, Bragg retrata Sua Alteza Real, não de um jeito malicioso ou crítico, mas como uma figura solitária por se encontrar em um lugar que poucos no mundo poderiam se igualar: “A Rainha em seu trono toca canções de Sherley Bassey quando está sozinha / Então ela olha pela janela e chora”.
‘Dreaming of the Queen’ por Pet Shop Boys (1993)
Neil Tennant, um dos vocalistas do duo de synth-pop, imagina a realeza em um cenário mais fantástico. Na letra, ele descreve uma festa do chá com si mesmo, a própria Rainha e a Princesa Diana, inspirada após o divórcio do Príncipe Charles e de Lady Di em 1992, uma vez que ela fala: “Não há mais amantes vivos / Nenhum sobreviveu / Então, não há mais amantes vivos / E por isso o amor morreu / Sim, é verdade / Veja, aconteceu comigo e com você”. Enquanto isso, a Rainha comenta que “o amor nunca parece durar, por mais que tente”.
Apesar do absurdo da cena de encontrar eu lírico nu na letra, ele ainda canta que “pessoas riram e pediram autógrafos”, provavelmente em crítica a como tudo sobre a realeza era e ainda é bastante espetacularizado e normalizado.
Ao longo do Reinado da Rainha Elizabeth II, é inegável como ela e os acontecimentos históricos sob sua chefia se misturaram à cultura pop e, por isso, é claro que seus membros fariam o trabalho de registrar sua vida em arte.