Em entrevista exclusiva, a atriz e apresentadora Jacqueline Sato fala sobre trabalhos disponíveis na HBO Max!

Na TV até meados deste ano apresentando a série “Bruce Lee: A Lenda” e o programa “Encantadores de Pets”, na Band, Jacqueline Sato agora também tem duas séries, uma inédita e outra gravada anos atrás, disponibilizadas quase simultaneamente na HBO Max. A atriz está no streaming com o drama “Psi” (2014), indicado ao Emmy em 2015, que traz a atriz interpretando a jornalista Harumi nas duas primeiras temporadas, já no lançamento “Os Ausentes”, ela dá vida à personagem Ayumi, que tem uma relação difícil com a mãe e precisa lidar com o desaparecimento de seu sobrinho.

Destaque nas novelas “Além do Horizonte”, “Sol Nascente” e “Orgulho em Paixão”, todas da Globo, e na série (Des)Encontros, do Canal Sony, Jacqueline conversou com o Portal Famosos sobre estes projetos, um pouco de sua trajetória profissional, e também sobre o momento complicado da arte e cultura em nosso país. Confira!

Você está na HBO MAX com duas séries, Psi, que foi exibida na HBO, e Os Ausentes que estreou direto na plataforma de streaming. Como é ter dois trabalhos de momentos bem diferentes na carreira sendo exibidos?

É lindo demais. Primeiro por serem trabalhos que eu amei fazer, que têm uma qualidade incrível e, depois por que é interessante demais ver, não só facetas diferentes através das personagens, mas também me ver em épocas diferentes. Tem um intervalo grande entre as duas séries e é bem curioso se ver assim. E acima de tudo, dá um quentinho no coração rever,  lembrar das pessoas que conheci em cada uma delas, do quanto aprendi em ambos os trabalhos, e o quanto cada uma destas oportunidades foram importantes na carreira, na vida, e na luta por mais representatividade no nosso audiovisual. 

Qual das personagens foi mais desafiadora de interpretar? E qual mais gostou?

Falando dessas duas, o  desafio foi grande em ambas, pois apesar da Harumi ser uma personagem menor, eu tinha menos experiência. E lembro do desafio de contracenar com o Emilio de Mello pela primeira vez, alguém tão experiente e um ator que eu já admirava. Deu aquele frio na barriga bom. Com a Ayumi o desafio foi mesmo as camadas e nuances da personagem, por ela ser um ponto central na trama. Fugir da obviedade e atingir a profundidade necessária para dar conta da dor e dos motivos de ela agir como age foi uma investigação interna muito interessante. Amei o processo todo, os ensaios com a Carol Fioratti e o Tomas Rezende, e a gravação em si. Mas falando da carreira como um todo,  cada uma tem uma importância dentro da minha trajetória como atriz. Impossível eleger uma. Mas entre as mais desafiadoras estão: Yumi de “Sol Nascente”, por ser um papel central, em que tive que desenvolver habilidades específicas como surf e manuseio de torno, serra, facão, e também pela intensidade das gravações na novela, me marcou bastante e é uma das personagens que mais amo ter feito, sem dúvida. Marina de “(Des)encontros”, por ser minha primeira protagonista numa série, e por tudo o que ela significa e aprende dentro da trama, foi um trabalho lindo e que me preencheu profundamente. Me deixou com vontade de muito mais. 

Você costuma e gosta de rever seus trabalhos seja no streaming ou em reprises? 

Sempre que posso assisto. Acho bom, pra entender o que foi feito, qual o resultado que tive e buscar melhorar sempre. É interessante ver o que, hoje, eu faria diferente da época em que gravei, mas também perceber as coisas que são parte da minha essência como atriz, que estão em mim desde sempre, e que são imutáveis, e exclusivas.

Com o fim dos longos contratos e a exclusividade de canais, acredita que há mais oportunidades abertas para os atores?

Acho que quanto mais produções em andamento, maior a necessidade de talentos. E é ótimo termos uma variedade de canais e formatos para trabalharmos. Assim o público também conhece uma diversidade maior de artistas. E pra gente, o que a gente mais quer é trabalhar, contar boas histórias. Tendo essa multiplicidade de canais e plataformas, essa multiplicidade de roteiristas e diretores tornando suas histórias em obras audiovisuais, maiores as chances, a variedade, e possivelmente, a qualidade destas histórias. Acho excelente que haja essa concorrência, assim há mais oportunidade e uma tentativa constante de inovar, melhorar e surpreender. Todo mundo ganha com isso, principalmente o público que poderá assistir a conteúdos cada vez mais diversos e interessantes.

Durante a quarentena a arte (peças de teatro, séries, filmes, novelas, shows) foi um dos meios mais importantes de distração das pessoas. Mas há algum tempo já vem sendo muito discutido sobre a falta de investimento na área, principalmente após acontecimentos como o incêndio na Cinemateca em São Paulo. Como você enxerga a situação atual da arte no país?

A arte sempre foi resistência, e não só sobrevive aos tempos de crise, como também floresce. É só observarmos na história da humanidade, nos momentos mais críticos em que possa parecer impossível “criar”, sempre houve alguém que criou algo único e que só pode se tornar uma obra de arte por conta do contexto e circunstâncias exclusivas daquela pessoa e daquela época. Existe de fato um descaso e desprezo crescente por parte de muitos aqui no nosso país. Uma tentativa de dificultar algo que já é, por si só, difícil o suficiente. Quem se torna artista nunca faz essa escolha pelo dinheiro, mas o investimento financeiro é necessário para que as ideias possam se tornar realidade e chegar até o público. Acredito que estamos vivendo tempos extremamente complicados, tristes, e adversos, mas resistiremos. E espero que, apesar de tudo, consigamos produzir obras muito fortes que marcarão esta nossa época. Enquanto houver humanidade, haverá arte. Podem tentar destituir e inviabilizar, mas não conseguirão retirar de nós algo tão único e vital, que existe entre os seres humanos antes mesmo de inventarem a primeira moeda.

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