Lana Del Rey lançou na madrugada desta sexta-feira, 24, o seu mais novo álbum de estúdio, ‘Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd’.
O projeto, que já contava com a faixa título como lead-single e outras canções, ‘The Grants’, onde Lana canta sobre sua família, e o single de sete minutos, ‘A&W’, estava sendo altamente aguardado pelos fãs e pela indústria.
Desde seu último trabalho melhor avaliado, ‘Norman Fucking Rockwell’, de 2019, a cantora lançou dois álbuns, ‘Chemtrails Over the Country Club’ e ‘Blue Bannisters’, que chegaram em meio a pandemia, além de canções avulsas como a parceria com Father John Misty, ‘Buddy Rendezvouz’, e a faixa para a trilha-sonora de ‘Euphoria’, ‘Watercolor Eyes’.
Agora, seu nono trabalho de estúdio acaba de debutar com a nota 81/100, baseado em nove críticas especializadas, fazendo jus às expectativas que cercavam o projeto, o qual conta com a produção de Mike Hermosa e Jack Antonoff, dentre outros, além da colaboração com Jon Batiste e Father John Misty.
O New Musical Express descreve Lana como uma “documentarista capturando ângulos que não são apenas iluminados e bonitos”, além de frisar como a cantora se abre sobre sua vida atualmente, “ponderando as grandes questões e contemplando a família, a casa e o futuro”.
Ainda, o fato de as canções serem pensadas para se constituírem em autorreferências faz com que o ouvinte se sinta como se estivesse ao lado dela no dia-a-a, enquanto ela explora estes tópicos pesados.
Apesar de refletir bastante sobre que caminho tomar em sua vida vida, uma vez que Lana está com 33 anos, e quais expectativas tradicionais suprir ao mundo, bem como tomar a própria família – de sangue e escolhida – como tema, o álbum não responde de forma objetiva nenhuma dessas questões, provavelmente um sinal de que a própria cantora ainda não possui tais respostas à essa altura.
O NME ainda cita que Lana explora novas sonoridades, “mesclando o som clássico, cheio de alma e atemporal de uma cantora e compositora de uma época distante e as melodias vocais e técnicas de uma estrelinha da antiga Hollywood com batidas trap, um baixo de alto-falante oscilante e faixas de palavras faladas [não cantadas]”.
“‘…Ocean Blvd’ pode lidar com algumas grandes questões existenciais, mas ainda há bastante diversão para ter e cimenta o status de Del Rey como uma das compositoras mais intrigantes da música moderna”, finaliza o NME.

Enquanto isso, o The Independent UK, que também atribuiu 80/100 ao projeto, frisou que Lana construiu seu próprio mundo ao longo de sua discografia com “latas de refrigerante de cereja, vestidos brancos de verão, bares decadentes e bandeiras americanas que tremulam de forma desafiadora e deprimente”, apesar de ter momentos controversos em seu “léxico” como “namorados caloteiros com punhos rápidos que parecem beijos”.
O ‘…Ocean Blvd’, contudo, é mais “ruminativo” do que argumentativo, no sentido de ser mais reflexivo do que escolher responder às críticas passadas, é mais sobre “questões de família e legado, memória e morte girando em torno de si mesmas até que seja uma e a mesma coisa”.
O The Independent também aponta como o álbum é inteiramente interligado: “As letras deste álbum tendem a ultrapassar suas paredes, com um canção ecoando na outra e na seguinte. A questão de Del Rey em ‘The Grants’, – [onde canta] ‘Você pensa sobre paraíso / Você pensa sobre mim’ – casa com o título da próxima faixa, onde implora repetidamente, ‘Não me esqueça’”.
Trata-se, também, de um álbum repleto de referências, como também é comum na musicografia de Lana. Dessa vez, este tipo de imagem não vem apenas de seu entorno e de suas inspirações, como John Denver, o Observatório Griffith e o relacionamento de Jack Antonoff com a atriz, Margaret Qualley, mas também também de sua família, sua avó, sua sobrinha, seu pai, o Tio Dave e outros.
Com 16 faixas, porém, o jornal britânico frisa que o projeto pode soar cansativo em algum momento:
‘Did You Know’ é um esforço de 77 minutos. E com uma boa parte de suas 16 faixas dedicadas a baladas parecidas, o tempo não exatamente voa. Há algum prazer em ser tomado na forma como essas canções fluem umas pelas outras, mas observar a maré – mesmo a do oceano mais bonito – torna-se entediante. Felizmente, a água, às vezes, fica se agitada.”, diz o Independent.

O portal especializado em música, Consequence of Sound, deu ao álbum a nota 75/100, comentando que, quando Lana Del Rey surgiu para o mundo com o ‘Born to Die’, 11 anos atrás, ela se parecia com uma personagem e isso continua sendo uma verdade sobre a cantora, atualmente.
“Não é alguém cujos discos você pule quando quer se conectar com a figura por trás do microfone, ela transporta o ouvinte a um um pesadelo acordado, em uma mistura de patriotismo e tragédia, e sonetos que se dobram como elogios”, afirma a publicação.
O Consequence afirma que, depois de seus dois últimos álbuns, ‘… Ocean Blvd’ é um retorno de Del Rey à sua “boa forma”, que encontrou o auge, segundo muitos, em ‘Norman Fucking Rockwell’ (2019) e, apesar de ela jamais poder fazer outro trabalho como este, o recém lançado “está, ao menos, nas vizinhanças”, contendo os melhores singles de Lana em anos.
Segundo a crítica, trata-se do “sucessor espiritual” do Norman, o que a cantora pode ter sentido também ao escolher samplear a faixa, ‘Venice Bitch’, na canção final do ‘… Ocean Blvd’, ‘Taco Truck x VB’, uma escolha muito elogiada.
Embora também frise como o álbum pode ser inconsistente em questão de ritmo por conta de sua duração, o Consequence afirma como Jack Antonoff parece compreender perfeitamente a visão de Lana Del Rey, apesar das críticas recorrentes ao seu estilo de produção nos últimos tempos.
“Em última análise, para outro registro sonoramente coeso, o fio que une este pacote é a exploração da melancolia americana. Ninguém faz isso melhor do que Lana Del Rey; sua mistura de detalhes hiper específicos encruzilhados e nomes com histórias abstratas e sinuosas exploram o ambiente moderno dos Estados Unidos com uma clareza e, talvez mais importante, um estilo distinto, que é difícil de superar. Esta é a rua dela. É aí que ela prospera. E, felizmente, é aí que ‘Did You That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd’ passa a maior do tempo”, finaliza o Consequente.

Já a revista Rolling Stone afirma que se trata de uma evolução do ‘Born to Die’, de 2012, que representa o amadurecimento de Lana:
“Sonoramente, ‘Ocean Blvd’ se apresenta como uma visão elevada do que ela realizou em ‘Born to Die’: o tipo de fusão anacrônica de batidas de poesia dos anos 60, faixas radiofônicas, piano pop, dos anos 70 e rap mais atual com uma produção de dance music, que apenas Del Rey pode fazer”.
Enquanto isso, os usuários do Metacritic conseguiram conferir a ‘Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd’ a nota 9.8/10, baseado em 101 classificações.