Há alguns anos, o MET Gala entrou, de vez, no calendário dos eventos mais esperados do ano.
Presidido e organizado por Anna Wintour, editora-chefe da revista Vogue, se trata de um baile beneficente, visando a arrecadação de fundos para o setor de moda do Museu Metropolitano de Arte em Nova York, local das famosas escadarias onde o evento ocorre.
Descrito por Naomi Campbell como o “Oscar da Moda”, apesar de não existir nenhuma premiação, o baile se tornou o mais relevante relacionado à moda dos últimos anos, quando marcas e pessoas relacionadas à elas se encontram para prestigiar a exposição e o baile; afinal o MET Gala é sobre moda, não sobre tapetes vermelhos.
A cada ano, um tema é determinado por Wintour e uma exposição é organizada no Costume Institute no MET. São 600 convidados, que, apesar de serem previamente selecionados diretamente por Anna Wintour, precisam comprar seus lugares para prestigiar o evento.
É comum que alguns convidados ou marcas adquiram mesas inteiras e distribuam os próprios convites entre seus próprios convidados, porém, ainda assim, ninguém é permitido sem o aval de Wintour. Este foi o caso de Anitta em seu primeiro ano no MET, quando foi convidada do designer de sapatos, Alexandre Birman, por exemplo.
Após dois anos com uma inspiração muito ampla relacionada à história da moda dos Estados Unidos, em 2023, a editora da Vogue escolheu um tema que dividiu opiniões: a influência do estilista, Karl Lagerfeld, na moda.
Intitulado ‘Karl Lagerfeld: A Line of Beauty’, o tema será centrado nas obras de Lagerfeld, que ficou marcado pela Chanel, definiu linhas inteiras para a Chloé, a Fendi e a Balmain – além de ter trabalhado com o próprio Pierre Balmain – e, finalmente criou sua própria marca autointitulada.
Ou seja, são muitos anos de carreira e diversas vertentes de moda nas quais os convidados podem se inspirar para criar seus próprios looks, principalmente, tendo em vista que a exposição deste ano conta com 150 modelos e esboços originais de Lagerfeld.
Levando em consideração que nomes como Katy Perry e Blake Lively, que estão acostumadas a entregar grandes momentos no tapete vermelho, não irão comparecer ao MET Gala em 2023, separamos alguns outros nomes que estão diretamente ligados à moda e costumam se esforçar para se adequar ao tema todos os anos. Confira:
Kim Kardashian
Kim Kardashian nunca está para brincadeira quando se trata de MET Gala. Ela não passa despercebida e sempre encontra um jeito de ser assunto, seja de maneira positiva ou apenas pela polêmica.
Se em 2023, a empresária e estrela de reality foi alvo de controvérsia por dias após usar um vestido de valor histórico, original da própria Marilyn Monroe; em 2019, quando o tema era a Moda Camp e exigia exageros, Kiki foi ao baile em um look que parecia estar inteiramente molhado, do vestido de látex extremamente marcado na cintura, com cristais que simulavam gotas de água, aos cabelos e pele.
O vestido foi desenhado pelo próprio Thierry Mugler, da Mugler, que se retirou da aposentadoria em que se encontrava desde 2003, especialmente para projetar o vestido para Kim. Segundo a Vogue, o modelo demorou oito meses para ser confeccionado e, na época, a empresária compartilhou algumas fotos de Sophia Loren no filme, ‘Boy on a Dolphin’, sugerindo que o estilista a usou como inspiração para o
Por conta de sua parceria com a Dolce & Gabbana, é possível que ela utilize algo da marca em 2023.
Cardi B
Extremamente ligada à moda, Cardi B é sempre um evento ao aparecer no MET Gala. Seja quando está discreta – ou, tão discreta quanto uma pessoa inteiramente vestida em um Versace dourado pode estar -, seja quando aposta em looks elaborados, a rapper sabe como tomar o evento para si.
Em 2018, um dos anos mais promissores em relação à temática do baile, Cardi se juntou a Moschino e ao designer, Jeremy Scott, que a acompanhou, para entregar um look totalmente ornamentado em jóias – do vestido, às luvas e ao adorno de cabeça – fazendo referência ao luxo da Igreja Católica. Detalhe, Cardi estava grávida de sua primeira filha neste ano!
No entanto, foi em 2019 que ela parece ter chegado ao auge. Na época, B utilizou um look avaliado em quase 1 milhão de reais do designer Thom Browne. O look vermelho de aparência acolchoada foi feito por 35 pessoas, bordado à mão com pérolas, e utilizou 30 mil penas queimadas e tingidas. Um exagero, como pede a Moda Camp!
Anitta
Após um debut discreto, mas elegante, em 2021, vestindo um modelo preto da marca Dundas e sapatos Alexandre Birman; no ano seguinte, a brasileira foi destaque ao acertar em cheio no look.
Anitta utilizou um vestido roxo da Moschino, desenhado por seu amigo, o estilista Jeremy Scott, fazendo referência direta ao tema pedido – a moda estadunidense em seu período de ouro com um vestido em cores e tecidos considerados nobres para os anos 1800, além do corset e da “anquinha”, complementado por pérolas brancas.
Após o período de glórias em território americano, devido ao hit ‘Envolver’, é possível que Anitta volte a ser destaque nesta edição. Após fazer seu debut no VMA em um modelo vermelho da consagrada Schiaparelli, é possível que Anitta utilize algo na mesma pegada para representar a criatividade de Lagerfeld.
No entanto, Donatella Versace, que vestiu Anitta para o Grammy com um vestido negro retirado diretamente do arquivo da marca – um feito para poucas -, já se mostrou muito animada para homenagear o estilista e também é um nome possível para vestir a brasileira.

Rihanna
Riri é sempre uma presença esperada em qualquer evento, mas no MET é diferente.
Em 2015, a cantora e empresária entregou um dos looks mais memoráveis de toda a história do evento. No tema que refletia o impacto da China na moda, Rihanna usou um vestido amarelo canário da estilista chinesa, Guo Pei, com uma calda que demorou dois anos para ser confeccionada e precisou de quatro pessoas para ser carregada.
O impacto foi tanto que apenas três anos depois e mais ligada ainda à entrega de moda, que todos se acostumaram a esperar dela, em 2018, Rihanna se tornou anfitriã do evento, quando apareceu em um look Margiela prata inteiramente incrustado por pérolas e jóias e adornado por um adereço de cabeça que fazia referência ao Papa enquanto a peça deixava clara a sensualidade latente da cantora em um look tão subversiva quanto ser Riri exige. Por conta disso, Rihanna foi apelidada de Papisa Rihanna!
Dua Lipa
Dua Lipa compareceu ao MET Gala apenas uma vez, mas foi o suficiente para mostrar que a britânica entendeu a tarefa!
Em 2019, quando o tema era a Moda Camp, Dua foi uma das garotas Versace, vestida pelo ateliê que sempre se sobressai no evento. Naquele ano, o look da cantora foi composto de uma espécie de macacão estampado em cores psicodélicas, composto por um cinto de couro preto com fivela dourada característico da marca e uma anquinha com calda, dando um toque clássico ao modelo inteiramente moderno e jovial.
O detalhe mais ousado ficou por conta do cabelo, em que a dona do ‘Future Nostalgia’ utilizou um penteado volumoso inspirado nos anos 60 e finalizado com pequenas flores coloridas em pedraria. Por isso, no ano em que será anfitriã, não se espera nada menos do que excelência de Dua Lipa!
Lewis Hamilton
Astro da Fórmula 1, Lewis Hamilton está sempre ligado ao entretenimento e já se estabeleceu como um nome forte na moda.
Rosto da Valentino em 2022, Hamilton está sempre no MET Gala e, é claro, se esforça para se adequar ao tema na medida que a formalidade o permite. Em 2018, o piloto entregou um look Tommy Hilfiger inteiramente branco sem deixar de fazer referência ao imaginário católico: nas costas do terno, a marca utilizou pedrarias brancas, assim como na gola e na terceira peça, um coração em meio a uma cruz em referência aos símbolos sacros do tema.
Em 2019, o piloto retomou a dobradinha com a Tommy Hilfiger vestindo um terno com detalhes metalizados, que foi elevado pelo broche de diamante no lugar da gravata, além de acessórios como brincos, anéis e braceletes.
Enquanto isso, em 2022, Hamilton optou por fazer uma declaração de orgulho racial através de seu look: um terno negro sobre uma camisa de renda branca, que se estendia em detalhe até o joelho, que foi criado por três designers negros em ascensão, Kenneth Nicholson, Theophilio e Jason Rembert.
Além disso, o piloto comprou uma mesa inteira – por cerca de 275 mil dólares – para levar esses jovens estilistas e pontuou como é importante celebrar a criatividade de pessoas negras e conceder a elas espaço para crescer através de sua posição.
Zendaya
Que Zendaya já se estabeleceu como um ícone de moda, é indiscutível. No MET, no entanto, a atriz queridinha do momento já protagonizou grandes momentos sem perder de vista o mais importante: a adequação ao tema proposto pelo baile.
Em 2016, quando o tema do baile foi ‘Manus x Machina: Fashion in an Age of Technology’, visando refletir o uso da tecnologia na moda, uma das protagonistas do próximo ‘Duna’ apareceu quase irreconhecível em um brilhante Michael Kors dourado e, apesar da maquiagem intensa, os cabelos denotavam um estilo sem gênero.
Foi em 2018, porém, que Zendaya fincou seu nome na história do MET, bem como a Versace, que fugiu dos seus próprios padrões para atender ao tema relacionado ao imaginário Católico. De forma subversiva e fazendo referência direta à santidade do catolicismo, Zendaya vestiu o que imitou uma armadura prata em homenagem a Joana D’Arc, atendendo ao tema sem a obviedade que se imaginava.
Sem comparecer ao evento desde 2019, é possível que a atriz seja um dos grandes nomes deste ano, já que acaba de se tornar o rosto da Louis Vuitton.
Gigi Hadid
Um dos maiores nomes das passarelas no momento, Gigi é facilmente alguém de quem sempre se pode esperar uma entrega de look.
De 2016, quando compareceu ao lado de seu namorado na época, Zayn Malik, em um look “extraterrestre glamouroso”, para fazer referência ao tema tecnológico que dominou o tapete daquele ano e exigiu a criatividade dos convidados; até 2018 quando foi um dos destaques em um vestido de aparência “angelical” da Versace, Gigi está sempre entre os bons nomes do MET.
Em 2019, a modelo abraçou de vez a Moda Camp aparecendo em um extravagante macacão Michael Kors, complementado por uma capa com plumas, longas botas e um acessório de cabeça que imitava um pássaro, assim como a maquiagem exagerada, todos em tons claros.
Ainda, se em 2021, Gigi foi mais contida, comparecendo ao evento em um vestido Prada que fazia referência à moda americana de época apenas no corset, em 2022, ela mergulhou novamente no mix de referências em um modelo todo vermelho da Versace, com um corset sobre um macacão de látex complementado por um grande casaco “puffer”, um aceno da moda esportiva americana em uma releitura das silhuetas femininas de 1800.
Lizzo
A cantora e multi instrumentista é um exemplo de que, quando vai a um evento, é para fazer jus a ele.
Para sua estreia no MET Gala, em 2019, Lizzo captou todo o exagero e extravagância da Moda Camp em um look quase que inteiramente rosa-chiclete, que chamava atenção em todos os sentidos, dos cabelos totalmente pink até o casaco de plumas que ia até o chão, inspirada em Shirley MacLaine, heroína clássica da comédia do cinema americano, em ‘What a Way to Go’.
Já para a edição de 2022, a vencedora do Grammy apostou em uma peça ainda maior. Para além do vestido em tecidos mais grossos para fazer jus à moda “comfy” americana, mesmo fazendo uso do corset oitocentista, Lizzo utilizou um grande e pesado casaco de Thom Browne que levou 22 mil horas para ser feito.
Para complementar o look, além das unhas longas, Lizzo tocou flauta no tapete vermelho do MET Gala. Ou seja, um evento dentro de um evento.

Beyoncé
O problema de Beyoncé é: ela simplesmente não vai mais. Um dos maiores nomes do entretenimento, a cantora protagonizou um dos momentos mais famigerados da cultura pop dos últimos anos: a briga familiar no elevador onde Solange Knowles, sua irmã, parte para cima de Jay Z, seu marido, na saída do baile, sendo impedido de bater nele por um segurança.
Nem isso a parou. Em 2016, logo após o lançamento do álbum Lemonade, Bey apareceu de surpresa para subir as escadarias do evento usando um Givenchy de látex nude que causou, especialmente pelo fato de seu último trabalho ter pegado todo o mundo de surpresa ao abordar de forma explícita seu relacionamento conflituoso com o rapper.
Porém, não foi apenas no “ano da vingança” que Beyoncé parou o MET Gala. Em 2011, a dona do ‘Renaissance’ usou um modelo Emilio Pucci que poderia ser facilmente utilizado nos dias de hoje para homenagear o lendário Alexander McQueen. Para além do corset ajustado ao corpo, o modelo sereia foi feito em um mix de estampas e foi inteiramente bordado para representar a “beleza selvagem” do estilista.
Em um jejum de sete anos sem participar do MET Gala e com as participações em eventos extremamente reduzidas, é difícil ter certeza de que Beyoncé estará na edição de 2023. Porém, fãs acreditam que há chances de a dona do ‘Renaissance’ participar do evento, considerando que repetiria a mesma estratégia de 2016: participar do MET Gala após um grande lançamento.
Além disso, Beyoncé lançou uma coleção de looks inteiramente inspirados nas canções de seu último álbum em parceria com a Balmain, marca pela qual Karl Lagerfeld – o homenageado do ano – passou. Considerando que a cantora já apareceu com alguns dos modelos e que o ‘look’ da canção, ‘Cuff It’, um sucesso orgânico do ‘Renaissance’, ainda foi revelado, especula-se que a artista seja uma das grandes aparições do baile em 2023.

Por fim, tendo em vista que o MET Gala deste ano tem como tema a história de Karl Lagerfeld, é possível esperar que a modelo Linda Evangelista faça uma rara aparição para homenagear aquele que a considerou sua musa.
Durante a passagem de Lagerfeld pela Chanel, Evangelista foi um dos nomes que melhor representaram a essência da marca e do estilista que a vestia, entre o fim dos anos 80 e 90, tornando atemporais os modelos desfilados por ela e suas colegas – Naomi Campbell, Claudia Schiffer, Karen Mulder e mais -, naquele que foi o momento mais promissor da moda.

Após se afastar dos holofotes em razão de um procedimento estético mal-sucedido, Linda Evangelista fez seu retorno às capas de revista em um ensaio para a Vogue em 2022. Considerando a relação especial que a modelo tinha com o designer e o fato de estar trabalhando a confiança para voltar ao centro das atenções, é possível que a modelo protagonize um grande momento no tapete vermelho do MET em homenagem ao parceiro profissional de longa data e sua passagem pela Chanel, especificamente.