No aniversário de 15 anos do Consequence of Sound, o portal especializado em música resolveu eleger os 75 melhores álbuns desde seu primeiro ano de edição.
Diferente da Lista do Editor, responsável por escolher os 100 Maiores Álbuns de Todos os Tempos, a presente lista é pensada de acordo com as mudanças na indústria musical dos últimos anos, conforme segue:
“Eles foram todos lançados dentro de uma bolha de mudança musical, devido ao fato de que a indústria está em fluxo constante desde que Napster mudou o antigo paradigma da música em 1999 [sendo o primeiro programa de computador, que possibilitou o compartilhamento de músicas na Internet]. De processos jurídicos ao Limewire, do Spotify ao TikTok, a implacável mudança tecnológica obrigou os artistas a se tornarem mais do que apenas compositores e produtores. Brian Wilson não tinha que se preocupar com o Instagram e Kurt Cobain nunca teve Twitter (muito obrigada?). Essa geração tem que lidar com mais obstáculos – e mais estresses – do que qualquer outra antes”
Ainda, a publicação acentua que, pelo fato de a mídia se encontrar tão desintegrada, em bolhas, é impossível comparar os artistas atuais a grandes atos que foram unanimidade no passado: “Não haverá, nunca mais, uma época em que uma banda seja reconhecida universalmente como os Beatles. É possível que, mesmo atos como o BTS, que alcançam o quarteto britânico em números e vendas, não se tornem nomes tão familiares quanto McCartney, Lennon, Harrison e Starr foram”.
Wren Graves, editor do Consequence of Sound, porém, assinala que ainda se trata de uma “Era de Ouro” da música, pois nunca foi tão fácil produzir música como agora, além de haver “mais qualidade do que em qualquer outro período da história”.
Sobre os álbuns da lista, o portal reconhece que alguns nomes podem ser temporários, “enquanto uns sairão das discussões para sempre, outros serão descobertos por novos fãs e se tornaram imortais”. Assim, confira os destaques do Portal com comentários da publicação original:
75. Lorde – Melodrama (2017)
Um profundo retrato pessoal da vida jovem adulta e o melhor álbum da artista. A janela do Melodrama chega com suas próprias imperfeições em versos cuidadosamente construídos por Lorde, de uma forma em que parece vomitar reflexões sobre seus arrependimentos. A dor e a insegurança colocadas numa balada como ‘Liability’ – onde solenemente clama que ela é “um brinquedo de entreter pessoas / Até que todos os truques não funcionem mais / E eles fiquem entediados dela” – é tão palpável que o público pode se ver na imagem da artista. Paolo Ragusa comenta que “Ao lado do produtor Jack Antonoff, com o Melodrama, Lorde estava insistindo em expandir sua identidade no pop, resultando em uma coleção de músicas desenhadas para a catarse”.
72. Lana Del Rey – Born to Die (2012)
Ame ou odeie, ‘Born to Die’ é um marco cultural e, de forma bem sucedida, mudou a cena para milhares de cantores pop […]. O ‘mainstream’ não sabia exatamente o que fazer com o álbum em seu lançamento – cordas, teatralidade, letras e temas firmemente plantados em uma época totalmente diferente não era exatamente o que as rádios estavam procurando. Em retrospectiva e um saudável tempo desde o debut oficial de Del Rey, ‘Born to Die’ envelheceu graciosamente, se firmando como um álbum crítico do pop alternativo melancólico”.
71. Rihanna – ANTI (2016)
Com o álbum, Rihanna quebrou o molde de mera estrela do pop para ‘iconoclasta do pop’. Rico, temperamental e sexy, o oitavo álbum de estúdio da cantora explora o lado bom, o lado ruim e o lado feio do amor em uma explosão de cores, da dançante ‘Work’ até a balada ‘Love On the Brain’, alcançando seu momento mais poderoso em ‘Needed Me’ quando canta: “Ninguém te contou que eu era selvagem?”. […] Você quase consegue enxergar Rihanna colocando fogo nas casas de qualquer um que mexa com ela.
69. Cardi B – Invasion of Privacy (2018)
Poucos artistas chegaram com um álbum de estreia tão aguardado quanto Cardi B, que destilou carisma tanto quanto no hit #1 da Billboard Hot 100, ‘Bodak Yellow’ e nos singles Top 10, de ascensão lenta, ‘No Limit’ (feat. G-Eazy) e ‘MotorSpot’ (feat. Migos). Entretanto, a rapper do Bronx não tremeu sob pressão enquanto produzia o ‘Invasion of Privacy’, ao lado de super estrelas em ascensão como Bad Bunny e J Balvin para o smash “trap-latino” ‘I Like It’, demonstrando vulnerabilidade em ‘Be Careful’ e vivendo seu ápice em ‘Best Life’ (feat. Chance the Rapper), além de se mostrar disposta a arriscar enquanto se mantém autêntica à sua personalidade única.
63. HAIM – Days Are Gone (2013)
É ousado considerar que ‘Days Are Gone’ – um disco divertido, interessante e confiante – foi o álbum de estreia do trio HAIM. Ao explorar temas instigantes e sons que as seguem desde então, seu primeiro álbum foi o responsável por colocá-las no mapa – e por uma boa razão. As irmãs HAIM são ‘rock stars’ e tocam como se fosse tão fácil quanto respirar. Você as vê performar juntas e há algo que as empurra para alguém de uma banda bem ensaiada – a irmandade é algo que não pode pode ser replicado.
62. Tyler, the Creator – Igor (2019)
Tyler, the Creator sempre foi… Fora da caixa. Desde os primeiros momentos com o ‘Odd Future’ para a sensação suja e de vanguarda encontrada em álbuns como ‘Goblin’ ou ‘Wolf’ ao esporadicamente sonhador ‘Cherry Bomb’, Tyler dominou os headlines de festivais com suas batidas e letras provocantes. Então, com ‘Flower Boy’, Tyler quebrou suas próprias barreiras abraçando um lado mais contemplativo e suave. […]
De maneira bem sucedida, ele mudou o status de sensação adolescente para um dos maiores do hip-hop, até que veio ‘IGOR’: uma mudança drástica em direção aos conceitos mais altos [da música], no qual conseguiu casar a sujeira de baixa fidelidade de seus primeiros trabalhos com a escrita mais emocionalmente inteligente de ‘Flower Boy’. […] Tyler, desde então, pendurou seu terno de ‘IGOR’, mas o mundo da música ainda sente seus efeitos.
61. Harry Styles – Fine Line (2019)
Em razão do sucesso de seu álbum autointitulado de 2017, havia pressão sobre Styles. Contudo, em seu segundo álbum, ele mais do que aceitou o desafio: ‘Fine Line’ é hit atrás de hit com Harry contando histórias de amor, corações partidos e memórias. Não apenas um trabalho de composição nostálgico, vê-se no disco Harry começar a adentrar uma sonoridade e uma estética setentista, um lugar para o qual continua se dirigindo. Em retrospecto, o álbum funciona para silenciar aqueles que não acreditavam que Styles poderia se descolar do título de estrela do One Direction para se tornar um verdadeiro rock star. […]
60. Foo Fighters – Wasting Light (2011)
Foo Fighters há muito se apresenta como uma Banda de Rock com R maiúsculo, sem frescuras, mas nos anos de Wasting Light é truque após truque. Seu disco de garagem de 2011, por isso, se coloca como o melhor momento da banda no século 21, com um bom rock clássico, onde as músicas se sustentam por si mesmas. ‘White Limo’ demonstra o mais do famoso rugido de Dave Grohl, enquanto ‘Arlandria’ e ‘A Matter of Time’ vão para outra direção com algumas das mais suaves melodias do artista. Nós nunca gostaríamos que os ‘Foos’ partissem, mas se ‘Wasting Light’ oferecesse as “famosas últimas palavras” de Grohl, seria uma nota poderosa para o apagar das luzes.
58. M.I.A – Kala (2007)
Todo mundo conhece ‘Paper Planes’, uma gigante da música pop que mixa um icônico sample do The Clash e o melhor gancho já gravado – ou, o melhor gancho já gravado por Logic, seu produtor. Ainda assim, como qualquer um que já prestou a remota atenção em M.I.A sabe, ‘Kala’ é muito mais do que uma penúltima faixa ultra famosa. Com influências internacionais e temas políticos, o disco habita toda uma paleta de sonoridade única. Mesmo para além do subtexto político das letras ou a imensa influência de uma sonoridade que ainda chegaria, cada música do álbum apenas bate.
55. Kanye West – Yeezus (2013)
Um tweet recente, talvez, descreva melhor o ‘Yeezus’ de Kanye West: “cara, esse álbum tem alguns dos piores versos da história nele. 10/10”. Apesar de não ser inteiramente verdade – Ye, na verdade, tem algumas linhas poderosas sobre o complexo prisional da indústria em ‘New Slaves’ – há momentos em que ‘Yeezus’ é totalmente tolo. O humor sempre esteve ligado à produção de Kanye, mas nenhum álbum é tão bem sucedido em destacar sua personalidade impetuosa e palhaça quanto este. Muito disso se deve à produção industrial, descontroladamente criativa e inacessível do álbum, tratada por Daft Punk, Hudson Mohawke, Arca, Gesaffelstein e Travis Scott, dentre outros.
53. Billie Eilish – WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO? (2019)
Billie Eilish foi firmemente estabelecida como um prodígio quando lançou uma pequena faixa chamada ‘Ocean Eyes’ aos 14 anos. Mas foi o lançamento de seu álbum de estreia, em 2019, que a catapultou ao status de cantora adolescente em ascensão ao escalão superior do estrelato pop graças a hits como ‘bad guy’, ‘when the party’s over’, ‘you should see me in crown’ e ‘xanny’.
Enquanto o peso do que Billie pode atingir ainda está para ser descoberto, a paleta de escuridão, ‘dreamy pop’, composições incisivas e produções espertas que compõem o álbum, assinadas por FINNEAS, anunciaram a ascensão de Eilish como a voz da geração Z e uma força da natureza já formada.
51. BTS – Map of the Soul (2020)
O BTS nunca foi conhecido por jogar sob as regras. Para o seu sétimo álbum, no sétimo ano de sua carreira, o grupo realmente superou a si mesmo, explorando temas pessoais como a escuridão e o ego, e o resultado foi seu trabalho mais pessoal até então. ‘Map of the Soul’ equilibrou a era acompanhado de uma turnê mundial, feats bombásticos e lados B mais suaves como ‘Friends’, bem como momentos solo extremamente pessoais oferecidos por cada membro do grupo.
45. Gorillaz – Plastic Beach (2010)
Por definição, a cavalgada animada de Damon Albarn no Gorillaz sempre teve um pé na realidade e outro em um tipo de mundo fantástico maluco, mas mesmo quando envia seu quarteto fictício para a distópica Plastic Beach, a roupagem nunca soou mais fundamentada. Além de colaborações de rap, semelhantes a seus singles mais definitivos, o projeto apresenta um grupo surpreende de convidados que exploram as profundezas do rock clássico e do soul através de Lou Reed, Bobby Womack e os membros do The Clash, Mick Jones e Paul Simonon.
42. Katy Perry – Teenage Dream (2010)
Quando o ‘Teenage Dream’ de Katy Perry foi lançado, nos idos de 2010, a maioria das pessoas não apostaria que o álbum apareceria numa lista como essa. Ainda assim, para seu tempo, poucos álbuns pop capturaram a pressa que este captou de forma tão ávida. Essa foi a época do “megapop”, que tinha que ser impetuoso e destemido – e a visão colorida de Perry, de alguma forma, se tornou, ao mesmo tempo, precursora e definitiva sobre o que um álbum pop deveria ser.
40. JAY-Z – 4:44 (2017)
Um dos grandes momentos de JAY-Z como artista, com um lapso de profundidade em suas composições e uma disposição para expressar vulnerabilidade. Depois de suas infidelidades serem expostas ao mundo – e, então, contadas por sua esposa, Beyoncé, em sua própria obra de arte, ‘Lemonade’, o rapper do Brooklyn finalmente deu um passo para trás das cortinas e voltou a Shawn Carter com o ‘4:44’. Enquanto confronta suas falhas mais íntimas como marido, pai e filho em produções sob medida da NO I.D, JAY-Z também explora seu legado como um líder da comunidade negra. Com mais tempo, pode acabar se tornando seu melhor trabalho [..].
39. Phoebe Bridgers – Punisher (2020)
Às vezes, é bom se sentir mal. Em seu álbum de 2020, a cantora e compositora se escora em uma noção sem reservas, tecendo desespero e alegria e fazendo música melancólica engraçada (ou música engraçada que é melancólica). Como letrista, Bridgers escreve versos que se alojam em seu subconsciente devido à franqueza, o sentimentalismo e seu senso de humor sombrio.Em ambição e execução, ‘Punisher’ é mais um universo do que um disco, uma coleção de canções que o sobrecarregam e envolvem a cada repetição.
37. Beyoncé – Beyoncé (2013)
Foi o lançamento surpresa que acabou com todos os outros lançamentos de surpresa. O disco autointitulado de Beyoncé, seu quinto álbum de estúdio, é um obscuro e artístico álbum visual, que aparenta sua super estrela em sua maior liberdade criativa. Beyoncé testa uma Queen Bey experimental, usando a tradicional sonoridade do R&B como uma ‘plataforma de lançamento’ para algo maior e mais excitante. Quando cada música pareia com seu complemento visual, o álbum realmente se torna uma obra de arte que mudou a cena para a Beyoncé que, com sorte, temos visto desde então.
35. Florence + the Machine – Lungs (2009)
Ainda há algo muito novelesco sobre o uso da harpa no álbum de estreia de Florence + the Machine. Por um lado, evoca uma aura clássica, como algo saído da Inglaterra Vitoriana. Por outro, frequentemente contrasta com a natural urgência na composição de Florence Welch e sua inimitável e profunda voz poderosa. […] Não apenas ‘Lungs’ é um disco fascinante, sonoramente, como uma perfeita introdução ao poder de estrela de Welch. Do brilho fluorescente de ‘I’m Not Calling You a Liar’ ao abandono puro de ‘Hurricane Drunk’ e a energia punk de ‘Kiss with a Fist’, ‘Lungs’ é um álbum clássico que, verdadeiramente, não soa como nenhum outro”.
32. Phoenix – Wolfgang Amadeus Phoenix (2009)
O Phoenix colocou a barra bem alta para si mesmo quando nomeou seu quarto álbum de estúdio ‘Wolfgang Amadeus Phoenix’ em uma nota não muito sutil ao compositor clássico. Reconhecidamente, eles mereceram o direito de tomar emprestado seu título porque o disco é excelente: um projeto contagiante de 36 minutos cheio de synth-pops perfeitos. Não foi até esse álbum ser lançado que o grupo de indie-pop francês realmente adentrou a estratosfera global e não é difícil entender o motivo. ‘Girlfriend’ e ‘Lisztomania’ são euforicamente inspiradas por números new-wave; ‘Lasso’ é viciante como sempre; e a ‘synth-heavy’ ‘1901’ é ainda considerada um dos hinos de assinatura da virada da década de 2010. É tudo muito pop alegre e sem fôlego.
28. Bad Bunny – X 100PRE (2018)
Mesmo antes do lançamento surpresa de seu álbum de estreia, o ex-empacotador de mercado e rapper do Soundcloud já havia amadurecido como uma grande estrela, especialmente por conta da colaboração com Cardi B e J Balvin no hit #1 da Billboard Hot 100, ‘I Like It’. Com com o ‘X 100PRE’ – uma escrita estilizada de ‘por siempre’ ou ‘para sempre’ – Bad Bunny excedeu todas as expectativas com um ouvido global e um impecável gosto por batidas, explorando sonoridades como trap, dembow, R&B e, é claro, uma síntese do antigo reggaeton e novo “trap-latino”, o qual se tornou praticamente um sinônimo para seu nome.
23. Bon Iver – Bon Iver (2011)
Bon Iver abre o álbum com o som de um sino batendo suavemente sobre as ondas do mar e termina com um lento sintetizador decadente. Essa mudança sonora descreve perfeitamente bem a entrada de Bon Iver no mainstream do indie folk com o EP autointitulado de 2011 numa época em que o gênero estava rapidamente perdendo o apelo popular […]. Justin Vernon chegou com uma sonoridade que levou o gênero a direções mais artisticamente agradáveis, criando composições íntimas e ousadas. […] Bon Iver criou um mundo sonoro, no qual, independentemente do quão bem você entenda as harmonias das canções, é possível se emocionar. […]
22. Kacey Musgraves – Golden Hour (2018)
Em seus dois primeiros discos, Kacey Musgraves se apresentou uma outsider espirituosa da música country, que não tinha intenção de fazer parte do Good Ol’ Boys Club de Nashville, exibindo uma proeza para escrever músicas relacionáveis […]. Mas, com todos os respectivos méritos de ‘Same Trailer Park’ e ‘Pageant Material’, além de um álbum natalino em 2016, a obra-prima de Musgraves chega com o ‘Golden Hour’ em 2018. […] A cantora se inspira em referências de diferentes décadas – a discoteca da pista de dança em ‘High Horse’ e no country ácido ‘Slow Burn’ -, conseguindo criar um álbum que parece contemporâneo e atemporal.
21. SZA – Ctrl (2017)
Enquanto escrevia canções para Rihanna e Beyoncé, Solana Rowe passou quase quatro anos criando seu álbum de estreia como SZA. ‘Crtl’ foi, finalmente, lançado em 2017, depois de atrasos significativos de sua gravadora – algo com o que ela batalha até hoje. Porém, foi fácil de perceber que todo o tempo gasto no projeto fez valer a pena. Seu fluxo de constante energia e liberdade, demonstrou SZA como uma artista verdadeiramente criativa e inventiva, em razão da coesão de R&B introspectivo. […] Cinco anos, ‘Ctrl’ ainda é uma enorme declaração de uma cantora e compositora talentosa e sua exploração pessoal sobre sentir falta de controle em sua vida, que é algo com o que todos podemos nos relacionar.
19. Daft Punk – Random Access Memories (2013)
Revisitar o álbum faz com que a lembrança da dissolução do Daft Punk pareça ainda mais crua e dolorosa, já que o que pode acabar sendo a última colaboração da banda de estúdio continua deslumbre. O álbum vencedor do Grammy está repleto de influências disco […] e foi inteiramente eletrizante graças ao single ‘Get Lucky’ com vocais frios e cheios de alma de Pharrell Williams. Porém, para além de ‘Get Lucky’, o disco é uma experiência épica de audição, onde o amor do grupo pela música realmente brilha. […]
15. David Bowie – Blackstar (2016)
A morte é um tema frequentemente explorado por compositores. De baladas de assassinato nos Apalaches a álbuns inteiros inspirados por verdadeiras tragédias pessoais, o mistério e a inevitabilidade da morte inspiraram algumas das músicas mais emocionalmente angustiantes já feitas. Mas há algo particularmente comovente em um artista abordando sua própria morte iminente – a qual, efetivamente, ocorreu apenas dois dias depois do lançamento do álbum.
‘Blackstar’ é a “canção do cisne” habilmente trabalhada por David Bowie. Mesmo sem o peso adicional de seu contexto, as músicas do disco são experimentais, fundindo gêneros de forma intensamente gratificante – capturando o espírito da morte como poucas obras de arte fizeram antes. […]
14. Kendrick Lamar – good kid, m.A.A.d city (2012)
Houveram projetos de Lamar antes de seu segundo álbum de 2012, mas este é o que gravou seu nome na história do hip-hop e inaugurou sua ascensão à realeza do rap. O disco interroga a geração de Compton, criada no meio da era do crack, e o chamado fascínio por viver no paraíso dos gângsteres. ‘Swimming Pools (Drank)’, por exemplo, é uma música sobre as mazelas do alcoolismo, mas feita para colocar seus copos para cima. O álbum está repleto desse tipo de dicotomia, condizente com a de um garoto fazendo o possível para sobreviver ao lugar que chama de lar, mesmo que tenha coisas mais em comum com seus habitantes do que gostaria de admitir. Kendrick detalha perda, amor, sonhos, esperanças e desespero pela possibilidade de nunca sair de Compton. E, caso o faça, seja em um caixão porque sucumbiu a uma bala ou aos próprios demônios.
Os melhores álbuns vão além de capturar momentos na história, eles transcendem gerações e ‘good kid, m.A.A.d city’ vai além dos millenials com os quais falou diretamente, porque até hoje há um jovem que está pirando com ‘Backseat Freestyle’ ou ‘Bitch Don’t Kill My Vibe’.
13. Vampire Weekend – Modern Vampires of the City (2013)
Vampire Weekend é uma daquelas bandas que, não importa o quanto mude, sempre irá soar como Vampire Weekend. Mas, ao deixar para trás a modernidade de ‘Graceland’ empregadas em seus dois primeiros álbuns, a banda realmente se encontrou no terceiro disco. Aqui, eles não forçam nada que não faça parte de seus impulsos criativos naturais, mostrados de um jeito mais maduro e coeso. Isso não significa que eles pegam emprestado de várias fontes, mas o fazem de uma forma que pareça mais imaginativa e, no final, muito mais gostável. […] O uso fantasioso de cordas e o lirismo hiper-literal ainda está lá, mas expressa com uma ingenuidade que parece mais honesta e mais amplamente atraente do que qualquer outra coisa que o Vampire Weekend tenha feito.
10. Adele – 21 (2011)
O termo ‘reset cultural’ se tornou usado demais em certo ponto, mas se fosse aplicado nessa conversa, seria em relação ao ‘21’ de Adele. Apesar de a cantora ter alcançado algumas conquistas antes do lançamento do álbum, a dominação mundial e o sucesso do ‘21’ foi meio que uma surpresa; na época, era raro, assim como é agora, para um álbum tão sentimental, às vezes sombrio, cheio de blues, e melancólico não apenas se dar tão bem comercialmente, mas permanecer como o álbum mais vendido por dois anos consecutivos.
9. Janelle Monae – Dirty Computer (2018)
Como razoavelmente dizer que um álbum lançado apenas há quatro anos – que nem mesmo figurou no topo de melhores do ano do Consequence of Sound em seu ano de lançamento, alcançando o pico do segundo lugar – ser um dos melhores de todos? Mas, questão melhor, como considerar um álbum tão rico em matéria de pop e tão autêntico em sua identidade qualquer outra coisa que não seja o melhor de todos?
6. Lady Gaga – The Fame Monster (2009)
É glamuroso, é gótico, é uma passarela e uma pista de dança – ‘The Fame Monster’ é absolutamente tudo. Lady Gaga estava no começo dos 20 anos quando lançou esta obra-prima do pop moderno, um álbum confiante uma visão clara sobre o que deveria ser. Gaga sabia seu destino e sabia exatamente como chegar lá – e foi bem sucedida.
5. Taylor Swift – 1989 (2014)
A metamorfose de Taylor Swift em uma estrela completa do pop alcançou seu ápice no ‘1989’. De certa forma, Swift facilitou para seus ouvintes de longa data, enquanto sua discografia até então tinha empurrado muitos toques pop em sua sonoridade country moderna, o ‘1989’ deixou oficialmente as botas de cowboy para trás e começou uma brilhante nova aventura.
3. My Beautiful Dark Twisted Fantasy – Kanye West (2010)
Em 12 anos desde o lançamento, o discurso em torno do disco tem sido tão grandioso quanto a música por si mesma. Colunistas procuraram por adjetivos próprios para descrever a produção eclética, arrumando palavras como ‘ambicioso’, ‘opulento’, ‘inovador’, ‘ritmicamente-mundial’… E todas se encaixam. Liricamente, o drama psicológico entre o narcisismo sem limites de Kanye e suas inseguranças sem esperanças foram dissecados com voraz interesse. Os inúmeros e meticulosos samples feitos do álbum, por outros artistas, tem levado Kanye à aclamação universal por sua agregação do talento.
2. Beyoncé – Lemonade (2016)
O álbum visual de Beyoncé, lançado sem anúncio prévio em 2016, se levanta, ao mesmo tempo, profundamente pessoal e político. Escrito sobre a temática da infame infidelidade de JAY-Z, a artista trabalha sobre o lamento e a fúria em ‘Pray You Catch Me’ e ‘Don’t Hurt Yourself’ e emerge como a vadia má que sempre foi em ‘Sorry’. Porém, enquanto a traição marital é uma tema musical comum, ‘Lemonade’ é contado de forma explícita sob a perspectiva de uma mulher negra – a mais desrespeitada, mais desprotegida e mais negligenciada pessoa na América.
A “Becky com o cabelo bom” de ‘Sorry’ desmistifica os padrões da beleza branca, enquanto ‘Don’t Hurt Yourself’ e ‘Daddy Lessons’ reivindicam o rock e o country, dois gêneros de raízes negras sabidamente embranquecidos pela História. Mas a declaração mais ressonante do ‘Lemonade’ é ‘Formation’, uma carta de amor a todas as formas de cultura negra do sul dos Estados Unidos. […]
1. Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly (2015)
Kendrick Lamar não precisou olhar para além de Compton para fazer o seu maior lançamento, ‘good Kid, m.A.A.d city’, mas viajou à África do Sul para buscar inspiração para o seu ótimo, ‘To Pimp a Butterfly’. Viajar a locais históricos como a cela de Nelson Mandela em Robben Island o levou a descartar “material de dois ou três álbuns” antes de montar uma seleção, que foi além dos limites do hip-hop para incorporar jazz, funk e soul. […]
O disco explora a experiência de ser negro nos Estados Unidos, abordando tópicos como a desigualdade racial, a brutalidade policial e o trauma geracional dos negros. É melhor consumido como corpo de trabalho coeso, mas um rápido vislumbre de seu brilhantismo está contido em uma única música: ‘Alright’. Com uma mistura de tambores, fanfarras, saxofones e cantos vocais, imediatamente se tornou a trilha-sonora do movimento Black Lives Matter.
A lista completa você encontra aqui: https://consequence.net/2022/09/best-albums-last-15-years-list/13/