“Ainda Estou Aqui” é o retrato real de como a Ditadura Militar destruiu famílias

PFBR avalia: 10/10!

O ano era 1971. Você e o seu marido estão em um cômodo de um belo casarão na zona sul do Rio de Janeiro relaxando e conversando quando, de repente, recebem uma visita: homens não identificados exigem que o seu marido entre no carro deles para prestar depoimento. Quem são eles? Para onde irão? Prestar depoimento sobre o que? Quando o meu marido voltará para casa?

São essas as dúvidas e angústias de Eunice; E essa é a premissa de mais uma história triste sobre a Ditadura Militar no Brasil na qual tem o seu destaque no novo filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”.

Dirigido pelo Walter Salles, o responsável pela direção de “Central do Brasil” de 1998, o drama “Ainda Estou Aqui” chegou aos cinemas brasileiros nesta última quinta-feira, dia 7. Obra inspirada no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, retrata o desaparecimento do seu pai, Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar e a busca incessante de Eunice Paiva, mãe de 5 filhos que nunca temeu o regime opressor e sempre buscou a dignidade sobre a morte do marido.

O longa está lotando as principais salas de cinema pelo Brasil e não é por acaso. A intensidade misturada com o realismo da angústia e dor de quem teve um familiar tirado bruscamente de suas vidas por conta do regime opressor, faz com o que o público volte no tempo e relembre um dos piores momentos do Brasil recente. Não há como não se comover com a trajetória de Eunice.

Interpretada por Fernanda Torres e, em sua velhice, por Fernanda Montenegro, Eunice tem um papel crucial na história; podemos considerá-la a protagonista da trama. Uma mulher que vê o seu marido sendo levado por homens e obrigada a lidar com as consequências injustas dessa ação enquanto tenta manter a rotina casual com os filhos menores que não souberam, de imediato, o que poderia ter acontecido de tão ruim com seu próprio pai.

Fernanda Torres dá vida a Eunice de uma forma potente e corajosa que transparece apenas no olhar. Não é preciso de muito para nós entendermos a magnitude e urgência de Eunice sobre as informações ocultadas de seu amado marido durante muitos anos que se seguiram.

Ainda Estou Aqui” é um filme extremamente necessário e válido para lembrarmos do passado do nosso país e traz uma percepção dos acontecimentos do regime militar dentro de uma família brasileira e que retrata a realidade de tantas outras famílias que perderam os seus familiares para a violência do Brasil durante anos. No filme, saímos um pouco dos acontecimentos das ruas e a luta da população na luta armada e adentramos na simplória e feliz família que em um dia qualquer o regime estava mais presente dentro do próprio do lar do que eles jamais imaginariam que pudessem os alcançar.

RUBENS PAIVA

Interpretado pelo aclamado Selton Mello, Rubens Beyrodt Paiva nasceu em 1929 em Santos, litoral de São Paulo e se formou em Engenharia Civil pela Mackenzie em 1954.

Em 1962, foi eleito Deputado Federal por São Paulo, mas, em 1964, teve o mandato cassado devido ao golpe militar, com base no AI-1. No entanto, não participou de lutas armadas contra a Ditadura, mas acabou sendo preso em 1971 devido as cartas de exilados políticos endereçadas a ele que foram encontradas.

Rubens Paiva foi torturado no DOI ainda no início de 1971 e faleceu devido aos ferimentos. O seu corpo nunca foi encontrado e, graças a Lei dos Desaparecidos, sancionada pelo Fernando Henrique Cardoso, o seu testado de óbito foi, finalmente, emitido.

“Ainda Estou Aqui” no Oscar 2025

Desde a sua estreia em grandes premiações mundiais, “Ainda Estou Aqui” tem sido aclamado pela crítica e tem grandes chances de representar o Brasil na categoria do Oscar “Melhor Filme Estrangeiro” juntamente com a oportunidade de ouro para a Fernanda Torres na categoria de “Melhor Atriz” como Eunice Paiva na trama de Walter Salles. 

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